Nier é um jogo muito inconsistente: nos seus êxitos, está acima da média, na outra metade desse espectro falha colossalmente.
Um jogo pode ser 50% bom?
Análise do jogo:
Nier acumula uma base de fãs, que embora seja pequena, fielmente perdoa as deficiências do jogo.
Um jogo pode ser 50% bom?
Análise do jogo:
Nier
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Ficha técnica Genêro: RPG de Ação Desenvolvedora: Cavia Inc. / Square Enix Plataforma: PS3 Data de lançamento: 2010 |
Aparentemente um jogo não pode ser 50% ruim:
Esse é o caso com o jogo de 2011, Dead Island. Não perdoaram a mecânica truncada desse jogo, que logo caiu no esquecimento.
Apesar dessa inconsistência, Nier é um dos meus jogos favoritos do PS3.
Como assim? Vamos à análise!
Como assim? Vamos à análise!
Se temos as tragédias gregas, Nier
(o jogo) é o mais próximo que temos de uma "tragédia japonesa jogável".
O jogador assume o papel de Nier (o protagonista), e pode explorar o
que parece ser um mundo de fantasia medieval em busca de uma cura para a
doença que aflige sua filha.
Trivia: na versão japonesa, Nier é um adolescente e Yonah é sua irmã. Isso muito sobre a cultura japonesa e porque em jogos como Final Fantasy os protagonistas parecem com membros de boy bands.
Trivia: na versão japonesa, Nier é um adolescente e Yonah é sua irmã. Isso muito sobre a cultura japonesa e porque em jogos como Final Fantasy os protagonistas parecem com membros de boy bands.
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Nier equipado para a batalha. |
Isso
é uma simplificação grosseira da história, mas prefiro focar numa
análise do jogo a fazer um resumo, coisa que qualquer wikia já fez. Mas
vale destacar, como um argumento a favor do jogo, que sua narrativa é
uma opera extravagante e, mesmo que a princípio nada faça muito sentido,
é fácil se investir emocionalmente. O jogo tem quatro finais: A, B, C e
D. Um final é progressivamente mais elucidativo e trágico que o
anterior.
A verdadeira alma do jogo são os seus personagens, Nier e seus companheiros de jornada tiveram um investimento minucioso dos desenvolvedores para torná-los mais tridimensionais: Nier, por exemplo é um pai preocupado e fará qualquer coisa pela sua filha. O principal meio pelo qual transmitem a alma desse personagem é pela sua relação com a filha, mas ele estende esse carinho à Kainé e Emil, revelando um homem afetuoso por trás da carranca fechada de Nier.
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Por que Kainé veste lingerie para o tempo todo? Ora, por que sexo atrai dinheiro. |
Kainé, por sua vez, é uma mulher agressiva e desbocada que veste lingerie e empunha dois cutelos para pulverizar as sombras. Ela tem uma vingança pessoal contra as sombras e seu passado tormentoso se revela no final B. Sempre gostei do desenho de personagem extravagante característico dos JRPGs, e a aparência de Kainé certamente se destaca. Mas a personagem realmente vem à vida com a ajuda de sua atora de voz que faz um dos melhores de trabalho que já ouvi em games.
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Arte conceitual de Emil |
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Arte conceitual de Yonah. |
Disputando o título de filha perfeita com a Nanako de Persona 4, Yonah é a filha obediente.
Tesouro do papai.
Yonah sofre de uma doença mortal de natureza misteriosa cujo sintoma visível é a aparição de runas entretorcidas pelos corpos de suas vítimas. Ela funciona como a força motriz para a narrativa, proporcionando unidade temática e investimento emocional na jornada como um todo: sempre temos em mente como nosso objetivo salvar a menina.
Esse, por exemplo, é um dos toques de gênio em meio às inconsistências do jogo. Quero dizer, aproveitaram o momento mais enfadonho de qualquer jogo (as telas de loading) para dar mais personalidade à Yonah.
Claro, em outros jogos aproveitam a tela de loading para tutoriais, trivia, etc. No entanto, nenhum o faz como esse jogo, que mostra telas com as entradas do diário pessoal de Yonah, no qual escreve com uma sinceridade infantil cativante.
Enfim, o jogo conta com um elenco excelente. Mas é aqui que a rasgação de seda acaba e começo a esculachar o jogo.
A jogabilidade, infelizmente, não é das melhores. Para matar os inimigos, basta apertar quadrado. Se God of War ou Devil May Cry fossem uma criança retardada ela se chamaria Nier.
Hack 'n slash assumidos tem mais customização que Nier, o jogo que supostamente deveria abraçar elementos de RPG. Os demais membros do grupo são invencíveis em batalha e quase não se percebe se tiram dano ou não.
Gráfico e direção de arte são duas coisas diferentes. Ele falha horrivelmente no primeiro e no segundo quase consegue se salvar: a direção de arte tem seus momentos, como quando os raios de ofuscam a câmera ou quando exploramos os corredores misteriosos do Templo das Areias Correntes. Os personagens principais são bonitos e têm um visual interessante, mas os aldeões parecem intrusos vindos do Playstation 2.
Essa inconsistência se repete por todos os elementos do jogo numa antítese bizarra: mapa bonito, inimigos feios. Mapa feio, música bonita.
Essa sua indecisão também aparece quando Nier brinca com
gêneros de video games: há uma dungeon que imita o típico RPG com camera
aérea, outra revive as mansões misteriosas de Resident Evil e assim por diante.
Nier tenta muitas coisas ao mesmo tempo. Isso pode ser um problema...
Nier tenta muitas coisas ao mesmo tempo. Isso pode ser um problema...
Resident Evil 6 também tentou ser vários jogos ao mesmo tempo. Mas esse não foi perdoado.
No caso de Nier, sua mistura de gêneros rendeu bons frutos, mesmo que por vezes um pouco murchos. Nier correu sério risco de ser um caso de predominância do estilo sobre o conteúdo, acusação da qual escapou por seu conteúdo: os personagens e a história.
História e personagens que ganharam vida graças a trilha sonora, que é sem sombra de dúvidas o melhor aspecto do jogo.
Há algumas tracks instrumentais, mas a maioria é cantada. E apesar da letras dessas músicas serem idiomas inventados, e ela que exterioriza o âmago desses personagens. É ela que mistifica os cenários meio urbano e meio medieval.
Há algumas tracks instrumentais, mas a maioria é cantada. E apesar da letras dessas músicas serem idiomas inventados, e ela que exterioriza o âmago desses personagens. É ela que mistifica os cenários meio urbano e meio medieval.
Destaque para as tracks Hill of Radiant Winds, Song of the Ancients Devola, The Wretched Automatons, The Ultimate Weapon e Temple of the Drifting Sands.
Qual é o veredito final?
Aparentemente,
um jogo pode ser 50% bom. Suas falhas são deixadas de lado pelos fãs de
JRPG e esse nicho está muito feliz com o anúncio de uma sequência para o
jogo!
Honestamente, Nier
é meu jogo preferido de 2010, e vale muito a pena jogar. É muito fácil
comprar ele usado hoje em dia, com o PS3 saindo do mercado.
Detalhe:
essa sequência está sendo desenvolvida pela Platinum Games, famosa por
fazer ótimos jogos de luta. O que quer dizer que a principal fraqueza de
Nier será um de seus pontos fortes.
Nota: 





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Até a próxima!!!
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