quinta-feira, 11 de agosto de 2016

E Não Sobrou Nenhum, de Agatha Christie. Leia a resenha (sem spoilers), e se gostar leia o livro!

Bem vindos ao blogue, não reparem na bagunça!

Meu primeiro livro da autora britânica consagrada foi uma ótima surpresa. Muitas das convenções de histórias de mistério foram estabelecidas por Agatha Christie.


Já conhecia muitas delas e não sabia, de tão disseminadas estão tais convenções.


Resenha do livro 'E Não Sobrou Nenhum'

Originalmente publicado em 1939
Páginas: 400
Idioma original: inglês
É o romance mais vendido de todos os tempos, perdendo apenas para Shakespeare e para a Bíblia. 

A autora certamente deixou sua marca no mundo literário. Mereceu até uma visita do Doutor!

Pois é, num episódio de Doctor Who, eles viajam no tempo e conhecem a autora! Nesse episódio, a Agatha Christie fictícia diz acreditar que seus livros seriam logo esquecidos.

... 

Ganhar reconhecimento póstumo parece ser a sina de todo escritor.

Donna: Agatha, as pessoas amam seus livros! Eles serão lidos por muitos anos. 
Agatha: Bem que eu queria! Por mais que eu tentei, meus livros não são bons. Temo que serão esquecidos logo. — Doctor Who, "The Unicorn and the Wasp"

Bom, sobre o livro...

A ideia do livro por si só já é fascinante:

Nove pessoas são convidadas à uma ilha. Uma gravação acusa cada um dos personagens de um assassinato que ocorreu no passado. Logo começam a cair um por um numa série de assassinatos misteriosos. Sendo que estão isolados numa ilha, a paranoia cresce e as trocas de acusações rolam soltas.

Claro que isso é uma descrição bem superficial.

Quando o descrevo dessa maneira, o plot do livro parece ser um pouco formulaico:

Sensação de isolamento + paranoia = bom livro de suspense (a ordem dos fatores não altera o resultado).

Mas a forma do livro não o diminui; muito pelo contrário!

A equação comprovadamente prende o leitor do começo ao fim, ainda mais quando bem aplicada por uma grande autora. 

Afinal, quando estamos envolvidos numa boa leitura, pouco importa se o livro é segue uma fórmula, pois nos deixamos envolver-se pela história e esquecemos da metaleitura e fazemos uma leitura mais emocional.

É engraçado que mesmo que tenhamos lido livros de mistérios, a gente se percebe no meio do livro tentando descobrir quem é o assassino. Isso prova a força do velho clichê "whodunnit", ou em bom português, "quem é o culpado", que no Brasil foi popularizado na novela Vale Tudo (Aqueeela da Odete Roitman).

No começo, o plot pode ser um pouco confuso, com muitos personagens e backstories. Mas o leitor se encontra conforme a autora desenvolve os personagens: o passado de cada um deles é rico em detalhes e se liga ao mistério principal. 

Cada backstory é uma pista para descobrir quem é o assassino! 

Infelizmente, às vezes os personagens viravam "a voz da autora", expondo fatos e investigando os pormenores dos assassinatos com o objetivo de encontrar o algoz. Nesses momentos eles são muito polidos, calmos e metódicos quanto às  investigações assim como aos cuidados com os afazeres domésticos. 

Como eles conseguem manter a calma, sendo que nada parece impedir as mortes? 

O que a princípio parece ser uma ruptura em sua verossimilhança, pode ser encarado como uma crítica da autora: a relação humana  com a morte pode ser moralmente distorcida. Acho que isso é um detalhe implícito pela autora que contribui para o clima de suspense.

Talvez a autora explique esse distanciamento dos personagens em relação ao perigo iminente com a seguinte frase: 

[...] Não podia conceber a ideia de querer morrer... A morte era... para as outras pessoas.
Pode até ser uma história que desafie os limites do crível, mas ela tem um pé no real que a torna ainda mais incrível.

Eu li E Não Sobrou Nenhum no meu e-reader, então a leitura fluiu muito bem. Por não estar segurando o livro, eu achei que tinha lido mais ou menos 150 páginas, quando fui ver que o livro tem quase 400 páginas fiquei muito surpreso!

Claro, que não posso deixar de dar os devidos méritos à autora que escreveu um texto que flui bem, assim como a quem traduziu o livro.

Se você não leu o livro, recomendo! Por mais que o título não augure um final feliz, nomear seu livro como "E não sobrou nenhum" nunca é um spoiler: com a rainha da distração e da surpresa, podem sobrar um, podem sobrar dois, ou talvez nenhum, mas seu desfecho certamente surpreenderá ao leitor.

Nota: 


Curiosidades:


- O livro foi traduzido para mais de 103 idiomas;


- Ele tem dois títulos em inglês: Ten Little Niggers, que mais tarde foi cambiado para And Then There Were None;


- Além de muitas adaptações para o teatro e para o cinema, o livro ganha muitas paródias. Family Guy por exemplo já o fez com um episódio em duas partes;


- Em 2015, o livro foi votado como o favorito entre fãs da escritora.


Obrigado por ler, voltem sempre!


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Nier - Um jogo pode ser 50% bom?

Nier é um jogo muito inconsistente: nos seus êxitos, está acima da média, na outra metade desse espectro falha colossalmente.

Um jogo pode ser 50% bom?

Análise do jogo:

Nier

Nier clássico
Ficha técnica
Genêro: RPG de Ação
Desenvolvedora: Cavia Inc. / Square Enix
Plataforma: PS3
Data de lançamento: 2010
Nier acumula uma base de fãs, que embora seja pequena, fielmente perdoa as deficiências do jogo.

Aparentemente um jogo não pode ser 50% ruim:


Esse é o caso com o jogo de 2011, Dead Island. Não perdoaram a mecânica truncada desse jogo, que logo caiu no esquecimento.


Apesar dessa inconsistência, Nier é um dos meus jogos favoritos do PS3. 

Como assim? Vamos à análise!

Se temos as tragédias gregas, Nier (o jogo) é o mais próximo que temos de uma "tragédia japonesa jogável". O jogador assume o papel de Nier (o protagonista), e pode explorar o que parece ser um mundo de fantasia medieval em busca de uma cura para a doença que aflige sua filha.

Trivia: na versão japonesa, Nier é um adolescente e Yonah é sua irmã. Isso muito sobre a cultura japonesa e porque em jogos como Final Fantasy os protagonistas parecem com membros de boy bands.

Nier equipado para a batalha. 
Por trás da doença misteriosa, se desvelam complicações dignas de um filme do David Lynch, e Nier faz alianças, formando a party do jogo, etc, etc, etc.

Isso é uma simplificação grosseira da história, mas prefiro focar numa análise do jogo a fazer um resumo, coisa que qualquer wikia já fez. Mas vale destacar, como um argumento a favor do jogo, que sua narrativa é uma opera extravagante e, mesmo que a princípio nada faça muito sentido, é fácil se investir emocionalmente. O jogo tem quatro finais: A, B, C e D. Um final é progressivamente mais elucidativo e trágico que o anterior.

Nier enfrenta o principal antagonista, o "Lorde das Sombras" e seu exército infinito de   sombras antropomórficas (parecem com aquelas que enfrentamos em Ico) com a ajuda de Kainé e Emil.

A verdadeira alma do jogo são os  seus personagens, Nier e seus companheiros de jornada tiveram um investimento minucioso dos desenvolvedores para torná-los mais tridimensionais: Nier, por exemplo é um pai preocupado e fará qualquer coisa pela sua filha. O principal meio pelo qual transmitem a alma desse personagem é pela sua relação com a filha, mas ele estende esse carinho à Kainé e Emil, revelando um homem afetuoso por trás da carranca fechada de Nier. 


Por que Kainé veste lingerie para o tempo todo? Ora, por que sexo atrai dinheiro.

Kainé, por sua vez, é uma mulher agressiva e desbocada que veste lingerie e empunha dois cutelos para pulverizar as sombras. Ela tem uma vingança pessoal contra as sombras e seu passado tormentoso se revela no final B. Sempre gostei do desenho de personagem extravagante característico dos JRPGs, e a aparência de Kainé certamente se destaca. Mas a personagem realmente vem à vida com a ajuda de sua atora de voz que faz um dos melhores de trabalho que já ouvi em games.


Arte conceitual de Emil
Emil é o "irmãozinho" do grupo. Um menino amaldiçoado que vivia enclausurado numa mansão e também tem uma história triste. Sua maldição permite que ele ajude Nier na sua busca e ele com muito gosto abraça os objetivos de Nier para ver o mundo e para continuar perto dos seus novos amigos.


Arte conceitual de Yonah.

Disputando o título de filha perfeita com a Nanako de Persona 4, Yonah é a filha obediente.

Tesouro do papai. 

Yonah sofre de uma doença mortal de natureza misteriosa cujo sintoma visível é a aparição de runas entretorcidas pelos corpos de suas vítimas. Ela funciona como a força motriz para a narrativa, proporcionando unidade temática e investimento emocional na jornada como um todo: sempre temos em mente como nosso objetivo salvar a menina.

A gente conhece melhor a personagem conforme precisamos voltar para casa e pelas entradas de seu diário que aparecem nas telas de loading. 

Esse, por exemplo, é um dos toques de gênio em meio às inconsistências do jogo. Quero dizer, aproveitaram o momento mais enfadonho de qualquer jogo (as telas de loading) para dar mais personalidade à Yonah. 

Claro, em outros jogos aproveitam a tela de loading para tutoriais, trivia, etc. No entanto, nenhum o faz como esse jogo, que mostra telas com as entradas do diário pessoal de Yonah, no qual escreve com uma sinceridade infantil cativante.


Enfim, o jogo conta com um elenco excelente. Mas é aqui que a rasgação de seda acaba e começo a esculachar o jogo.

A jogabilidade, infelizmente, não é das melhores. Para matar os inimigos, basta apertar quadrado. Se God of War ou Devil May Cry fossem uma criança retardada ela se chamaria Nier.


Hack 'n slash assumidos tem mais customização que Nier, o jogo que supostamente deveria abraçar elementos de RPG. Os demais membros do grupo são invencíveis em batalha e quase não se percebe se tiram dano ou não. 

Gráfico e direção de arte são duas coisas diferentes. Ele falha horrivelmente no primeiro e no segundo quase consegue se salvar: a direção de arte tem seus momentos, como quando os raios de ofuscam a câmera ou quando exploramos os corredores misteriosos do Templo das Areias Correntes. Os personagens principais são bonitos e têm um visual interessante, mas os aldeões parecem intrusos vindos do Playstation 2.

Essa inconsistência se repete por todos os elementos do jogo numa antítese bizarra: mapa bonito, inimigos feios. Mapa feio, música bonita.

Essa sua indecisão também aparece quando Nier brinca com gêneros de video games: há uma dungeon que imita o típico RPG com camera aérea, outra revive as mansões misteriosas de Resident Evil e assim por diante. 

Nier tenta muitas coisas ao mesmo tempo. Isso pode ser um problema...

Resident Evil 6 também tentou ser vários jogos ao mesmo tempo. Mas esse não foi perdoado.

No caso de Nier, sua mistura de gêneros rendeu bons frutos, mesmo que por vezes um pouco murchos. Nier correu sério risco de ser um caso de predominância do estilo sobre o conteúdo, acusação da qual escapou por seu conteúdo: os personagens e a história.


História e personagens que ganharam vida graças a trilha sonora, que é sem sombra de dúvidas o melhor aspecto do jogo.

Há algumas tracks instrumentais, mas a maioria é cantada. E apesar da letras dessas músicas serem idiomas inventados, e ela que exterioriza o âmago desses personagens. É ela que mistifica os cenários meio urbano e meio medieval.

Destaque para as tracks Hill of Radiant Winds, Song of the Ancients Devola, The Wretched Automatons, The Ultimate Weapon e Temple of the Drifting Sands

Qual é o veredito final?

Aparentemente, um jogo pode ser 50% bom. Suas falhas são deixadas de lado pelos fãs de JRPG e esse nicho está muito feliz com o anúncio de uma sequência para o jogo!

Honestamente, Nier é meu jogo preferido de 2010, e vale muito a pena jogar. É muito fácil comprar ele usado hoje em dia, com o PS3 saindo do mercado.

Detalhe: essa sequência está sendo desenvolvida pela Platinum Games, famosa por fazer ótimos jogos de luta. O que quer dizer que a principal fraqueza de Nier será um de seus pontos fortes.

Nota: 

Há fãs do jogo perdidos por aqui? Deixe um oi nos comentários!

Até a próxima!!!


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Clock Tower aplica uma fórmula de filmes de terror para criar um dos grandes jogos do Super Nintendo

Porque temos uma atração pelo terror?

Sob a tag O fascínio do medo, procuro explorar os porquês dessa atração.

O assunto de hoje é:

Clock Tower

Clock Tower é um dos primeiros jogos de terror japonês e o único do gênero no Super Nintendo.

Embora seja um jogo estranho e inacabado, ao mesmo tempo é inovador e original: não dá pra acreditar que um jogo como esse existiu para o SNES!

Mas o que esse jogo tem de tão especial?

Bom, vamos à história.
Você controla uma garota orfã de 14 anos, chamada Jennifer. Na abertura do jogo vemos que a protagonista e outras duas meninas foram adotadas e estão se mudando para seu novo lar: uma mansão isolada. E sim, como bem sabemos, mansões em video games nunca são uma notícia boa. Para fechar com chave de merda, Senhora Mary, a nova guardiã das meninas é fria e impaciente. 
Enfim, tudo contribui para estabelecer um cenário agourento de ameaça iminente, típico dos primeiros minutos de qualquer filme de terror.

Jennifer se afasta de suas colegas por um minuto e as luzes se apagam. Ela volta à sala onde estavam e suas amigas não estão mais lá.

Seguidamente, Clock Tower empurra o jogador para uma mansão cheia de perigos, um verdadeiro inferno em 16 bits. O jogo permite que você se movimente verticalmente entre os corredores e que você se defenda dos inúmeros perigos apertando o "botão do pânico" (B). Perigos esses que não demoram a cair sobre o jogador: Jennifer é atacada por um anão segurando uma tesoura gigante nos primeiros minutos do jogo.



Quando essa desgraça nos ataca, a única coisa que podemos fazer é correr desesperadamente e se esconder dele em baixo de camas, dentro de banheiros ou qualquer outro esconderijo que encontrar, senão é game over.

Até aí tudo bem.
O problema é que o jogo não dá um tutorial para explicando o botão do pânico (em jogos atuais, teríamos um QTE, com um prompt para esmagarmos "quadrado")

Imagino que Clock Tower seria um jogo muito frustrante para gamers atuais.

Jennifer não tem uma escopeta nem um revólver.

A única coisa que ela pode fazer além de se esconder é apertar "o botão do pânico", para assim tentar sobreviver a essa noite maldita.

O jogador encurralado apertando o botão do pânico.

Conforme exploramos a mansão, interagimos com o cenário no estilo point and click, encontrando itens para sobreviver, chaves para abrir outras salas para avançar no jogo e,  é em pequenos detalhes desses cenários que um pouco da história se desvela, revelando um pouco a sorte do terror que nos cerca. Aliás, nunca aprendi a natureza da criatura quer matar a protagonista. Parece ser um anão, ou uma criança deformada vestindo roupinhas de marinheiro, empunhando uma tesoura de jardim.
 

Mas o não saber é metade do que faz um grande filme de terror.
 

Infelizmente, a navegação é meio confusa. É muito fácil se perder e você não tem mapa algum nos menus. Pode parecer proposital que o jogador tenha poucos recursos, aumentando assim, a atmosfera de insegurança. Mas é uma falha em design de mapa, quando as portas trancadas e corredores são absolutamente iguais e Jennifer anda tão devagar. Para compensar a duração curta do jogo e a exploração que pode se tornar uma tarefa enfadonha, os encontros com o cara da tesoura e pequenos acontecimentos nas salas são aleatórios, contribuindo com a imprevisibilidade do jogo.

Contando com nove finais, Clock Tower é um Heavy Rain a frente de seu tempo, e o fato de ser um jogo curto favorece sucessivas gameplays. Explorando a mansão, encontramos quartos infantis, salões com parafernália de cultos estranhos e depósitos misteriosos. Nessas salas, o anão pode surgir depois do jogador interagir com algum item. Isso causa uma ansiedade constante.

Adicionalmente, o desenrolar do jogo é determinado pela sorte (ou azar) e por pequenas ações do jogador. O clímax, por exemplo, pode ou não, acontecer na torre do relógio, que dá nome ao jogo. 
Essa variação da probabilidade das coisas acontecerem durante o jogo e os vários finais tornam Clock Tower um sucesso, senão do ponto de vista técnico, ao menos dentro de seu gênero: a incógnita de uma ameaça misteriosa e um desenrolar imprevisível, contribui para uma atmosfera de impotência e desamparo.

Na verdade, Clock Tower é melhor que a maioria dos jogos de terror atuais.

E melhor que muitos filmes também!

Percebemos a inspiração nos filmes de terror na forma como ele brinca com as convenções do gênero.


Num dos finais, o jogo se vale de um dos clichês mais clássico dos filmes de terror: Jennifer encontra um carro, e parece que tudo vai dar certo, mas ela esqueceu de checar banco de trás!

Em outra sala, uma caixa se mexe sozinha, e há construção de uma tensão insuportável... mas era só um gato!

Sempre cheque o banco de trás!

Aliás, você sabia que grande parte do que faz um filme de terror funcionar é o som?

Clock Tower certamente sabe, pois o jogo abusa bastante potencial para sons do SNES.

É possível notar os sons dos passos da garota, ou até mesmo o barulho das portas abrindo e fechando, além, é claro da música que toca quando a protagonista é atacada, típica de filmes de terror.


Não bastasse a improbabilidade de um jogo como esse existir no SNES, Clock Tower é inspirado nos filmes do cineasta italiano Dario Argento!

Há semelhanças físicas entre as protagonistas de Clock Tower e de do filme Phenomena, assim como muitos elementos emprestados de Suspiria, filme consagrado como um clássico cult, influenciando filmes do gênero terror desde seu lançamento.

Dario Argento é o pai do terror moderno, e seu filho mais singular é Clock Tower, o jogo impossível do SNES, que traz um pouco do mundo do terror e do suspense dos anos 80 para o console da Nintendo.
 
Nota:

Por amor ao jogo, disponibilizo o download da rom (em português!) de Clock Tower:

Download disponível aqui.

Obrigado por ler.

See you around!

O fascínio do medo: terror corporal

Nós adoramos filmes de terror. Nós queremos sentir medo. E sentimos medo mesmo sabendo que é só um filme.

Porque temos uma atração pelo terror?

Sob a tag O fascínio do medo, procuro explorar os porquês dessa atração.

O assunto de hoje é:

Terror corporal 

Body horror, ou terror corporal, é a repulsa ou terror causados por mutilações, mutação, parasitismo e demais transgressões cometidas contra o corpo humano.

É difícil isolar quando o filme realmente se encaixa no subgênero, mas filmes como The Thing (1982), Hellraiser (1987), Re-animator (1985) e A Mosca (1986) são ótimos exemplos.

Colocar imagens desses filmes talvez seja, mas conheci recentemente um ilustrador japonês que explora o terror corporal para fazer imagens engraçadas, mas ao mesmo tempo inquietantes.


E olha que vou colocar só as ilustrações mais leves: se você procurar outros desenhos (não recomendo), verá que ele não tem medo de passar todos os limites.


Quando crescemos abandonamos medos mais infantis como o medo de fantasmas e monstros. Mas o terror corporal continua a funcionar porque sofrer danos assim é um medo primordial.

Cena de "O Enigma de Outro Mundo"

A premissa dessa cena é absurda, mas a mutilação do corpo humano é cruelmente real, e mesmo depois de assistir a tantos filmes de terror, cenas como essa ainda me causam arrepio e repulsa

Trailer de Rei Artur: A Lenda da Espada

A Lenda da Espada (no original King Arthur: Legend Of The Sword) ganha seu primeiro trailer e engana a todos com uma roupinha de "novidade".

Quem achou que seria uma boa ideia aplicar o estilo Guy Ritchie de cinematografia em filmes medievais?


Depois de Snatch and Lock, Stock, And Two Smoking Barrels e Sherlock Holmes, alguém achou que o próximo passo, naturalmente, era abandonar completamente o crime, gênero com o qual o diretor está muito mais confortável.

Em consequência, o trailer parece uma farsa: parece estar se esforçando demasiadamente para ser algo que não é...


Artur, o lutador durão do beco enlameado. Nossa, muito original.
Ok, talvez Charlie Hunnan não seja o Arthur mais original, mas certamente será um dos mais bonitos.
 ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Mas o pior vem depois, na segunda metade do trailer, quando ele mesmo se contradiz e desacelera, parecendo ser seu filme medieval tradicional, com cenas épicas e atores de Game of Thrones.

No fim, como grande entusiasta da lenda arturiana, abri o trailer com a expectativa de ver que finalmente fizeram um longa arturiano decente apenas para me decepcionar.

De novo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O trailer de Moana, o novo filme da Pixar, apresenta a nova princesa da Disney


No trailer mais fofo do ano, temos o primeiro vislumbre do próximo filme da Disney, Moana - Um Mar de Aventuras. Com pouco mais de um minuto, o vídeo mais parece um curta. O que é muito bem vindo na era dos trailers cheio de cortes rápidos com as "melhores" cenas. 

O trailer mostra a nova princesa,uma dobradora de água muito talentosa , uma bebê Moana que mal aprendeu a andar brincando com uma onda que ganha traços antropomórficos.

Moana chega em novembro e promete ter o encanto e a vivacidade características dos filmes da Pixar.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Suspiria consegue capturar um pesadelo em filme.

Na sequência de abertura do clássico do horror, Suzy, uma estudante de balé americana chega ao aeroporto alemão à noite para ingressar na mais prestigiosa academia de dança europeia. Na noite de sua chegada, ela é recebida por uma tempestade e pela trilha sonora ominosa: é como se ela atravessasse - inconsciente do perigo iminente - um portal para o mundo sádico de Dario Argento.

Análise do filme:

Suspiria (1977)
Terror, Suspense
Subgênero: Giallo
Direção: Dario Argento

Página no imdb


Trailer do filme:





A heroína inocente é engolfada involuntariamente pela atmosfera opressora do filme: as construções cênicas elaboradas pela equipe de Suspiria são ricamente elaboradas com visuais suntuosos pelo qual o filme é tão conhecido.


Para construir o seu palco de tortura psicológica e assassinato, os produtores do filme abusaram da vivacidade de amarelos, do calor de vermelhos e da exuberância de verdes no lugar da costumaz escuridão com a qual se constroem outros filmes de terror.

O esquema de cores vibrantes orquestrado por Argento salta da tela construindo uma atmosfera onírica e surreal tão interessante que é fácil perdoar os defeitos do filme: a dublagem é horrorosa, e a atuação também não é nada muito melhor do que vemos nas novelas ruins da Rede Record.

Vale destacar que a trilha sonora do filme é feita por uma banda de metal italiana, Goblin. Amada por um, odiada por outros, a trilha sonora divide opiniões. Eu, pessoalmente, acho a trilha sonora apropriada: não é o som pretensamente assustador do seu filme de terror tradicional: a música em Suspiria é muito mais dissonante. Muitas vezes não combina com a cena, mas acho que é justamente por ser tão intrusiva que a trilha sonora funciona.

Ao chegar, a protagonista testemunha uma jovem dançarina fugindo em terror e descobre na manhã seguinte que a pobre moça foi brutalmente assassinada perto da escola. As coisas ficam ainda mais sinistras quando chega à escola: suas colegas são hostis e mesquinhas, e parece haver uma conspiração no ar e conversas sobre um conciliábulo que ocupava previamente as instalações da academia de dança.

Suspiria une o vulgar e o excesso dos slashers, com seu assassino representando uma ameaça física, e a sobrecarga sensória de sons e imagens, com uma ameaça psicológica do sobrenatural, numa escala progressiva de notas febris de desespero e espanto reminiscente de pesadelo.

Muito admirado em nichos de filmes cult, Suspiria continua sendo um dos filmes de terror mais estilosos já feito.

Nota: 

Curiosidades:

  • Um remake está sendo produzido com Tilda Swinton e Dakota Johnson.
  • Suspiria popularizou o subgênero giallo, que são tramas que misturam elementos de slashers, terror sobrenatural e histórias de detetive.

Assistir o filme online ou baixar por torrent:

https://thepiratebay.org/torrent/6764294/Suspiria_(1977)_BRRip_Xvid_AC3-Anarchy

Obrigado pela visita!

Voltem sempre!

Apresentação...

Bem-vindos ao blogue, não repara a bagunça!

Meu nome é Lucas, sou estudante de Letras.

Meus interesses incluem seriados, vídeo games, filmes e livros. Minhas formas de escapismo desde 1989.

Meu primeiro objetivo é escrever sobre as coisas que gosto, mas como eu sou vaidoso, o alcance do blogue também é importante para mim.

Se meu blogue fosse de pornografia o contador de visualizações estourava.

Se por ventura algum leitor gostar das postagens, não deixe de entrar em contato pelos comentários ou seguindo o blogue.

Sou bem acessível 

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