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sábado, 31 de dezembro de 2016

Decepção: "João & Maria" por Neil Gaiman

João e Maria
ISBN-13: 9788580577761
ISBN-10: 8580577764
Ano: 2015 / Páginas: 56
Idioma: português 
Editora: Intrínseca

Se meu leitor buscar resenhas anteriormente publicadas, perceberá que dou notas dez com bastante frequência. Não é por que eu sou generoso, mas por que eu escrevo muito mais fácil sobre coisas que eu gosto. 

E eu gosto de Neil Gaiman. Ele é um dos meus autores favoritos!

Justamente por gostar da sua bibliografia, me decepcionei com essa investida do autor no conto coletado pelos irmãos Grimm. Seguindo a tendência atual de resgatar contos clássicos e torná-los mais sombrios, o livro reconta João & Maria, a história dos irmãos  que levam a melhor contra seus pais e contra a bruxa valendo-se de sua astúcia.


João & Maria da da Editora Intrínseca. Não julgue um livro pela capa, nem que ela seja uma capa bonita.

Gaiman tem um histórico de revitalizar contos clássicos com seu toque urbano-mitológico, onírico-gótico conferindo aos contos de tradição oral uma identidade gaiminiana. 



Era uma vez, numa terra assolada pela guerra...



Parece que os tijolos para a fundação ali: amor fraternal, abandono, a bruxa ermitã, antropofagia, etc. Mas parece que não há tempo de erguer a história em cima dessa fundação. É um livro demasiadamente curto, contando 56 páginas entre história, ilustrações e trivia. 


As ilustrações de Lorenzo Mattotti não me inspiraram nada. Não são feias nem bonitas. No entanto, não posso deixar de reconhecer seus devidos méritos: é uma edição muito bonita! É um ótimo presente. Recomendado para quem tem preguiça de ler ou para blogueiras que postam fotos de macarons, petit gâteau e Amélie Poulain.

Minha opinião - obviamente - não representa a voz da maioria. Para cada resenha negativa, há dez resenhas positivas, que nem essa do livroterapia. No entanto, no goodreads e no skoob, as notas já oscilam abaixo de quatro. Infelizmente, João & Maria contado por Neil Gaiman desaponta pelo conteúdo apesar de ostentar uma edição bonita. 

Nota final: 2 batatas

Comprando pela amazon você ajuda o blog!

domingo, 13 de novembro de 2016

1984 é um livro provocante e perturbador...

O livro 1984, de George Orwell foi uma excelente leitura. Embora eu não tenha maturidade intelectual para fazer uma análise aprofundada do livro, não pude deixar de escrever sobre a magna opera do autor britânico.

ANÁLISE DO LIVRO:

1984
 

Ano: 2009 / Páginas: 416
Idioma: português 
Editora: Companhia das Letras
ISBN-13: 9788535914849
ISBN-10: 8535914846
Ano: 2009 / Páginas: 416
Idioma: português
Editora: Companhia das Letras

Você já se perguntou o porquê do livro se chamar 1984? Se o título fosse “Grande Irmão”, não seria mais representativo do livro? Afinal, como reflete o protagonista, talvez nem seja realmente 1984. No entanto, até mesmo o título nos faz pensar: realmente há algo de errado com aquela utopia, se o partido consegue controlar toda a história de Oceania ao ponto de que até o ano é incerto. Mesmo que não tenha sido intencional, essa incerteza se projeta no leitor, pois uma vez que não sabemos o ano de fato, pode ser qualquer ano (pode ser 2015!)


Um aspecto negativo em minha opinião, é que o livro se repete um pouco descrevendo o cenário sociopolítico do país de forma expositiva e didática. Inclusive, um dos capítulos é literalmente um livro dentro do livro. Ao mesmo tempo, é a construção minuciosa desse cenário que confere o peso à história. 

O livro poderia ser classificado no gênero horror!

Acontecem coisas TERRÍVEIS com os personagens. Fiquei surpreso, pois não esperava a quantidade de violência descrita de forma tão eficaz e gráfica em um livro, que se tem como clássico absoluto escrito no final da conservadora década de 40.



O impacto da obra

Embora a mensagem anticomunismo não tenha a mesma valia hoje, a obra ainda é muito atual, pois é um conto de cautela sobre o controle que exercem sobre nós sem que nós percebamos e descreve um mundo onde são privados de liberdades básicas. Funciona de tal maneira o livro, que quando vemos as resenhas, comentários, discussões e listas na internet, sempre comentam sobre os paralelos do livro com a realidade de seu país. 

Diário de Winston no Brasil de 1984. 

Vivem dizendo que não há interesse do governo em tornar o povo sabido, mas não fazem nada em relação ao cenário da educação brasileira, que caminha para a falência. 
Na internet, tudo que buscamos é rastreado e volta para nós com sugestões de compras ou links. Privacidade zero! Temos o Xbox One, também conhecido como o protótipo da teletela. 

Um sujeito do livro chamado 1984, diz que qualquer reivindicação da classe baixa, qualquer revolta que fizessem (mas nunca fariam!), teria vida curta, pois não teria foco nem motivo de ser, devido a falta de informação dos manifestantes. Engraçado que é exatamente isso que falavam quando aconteceu as manifestações de 2013! Outra coisa estranha é como os presidentes nos servem mais como um rosto, um "Grande Irmão". Na época de eleição sempre se discute política: "Olha, não entendo muito, mas voto pela mudança". Votam baseando-se no rosto do candidato e não nas no plano de governo.

Bom, além do envolvimento da mídia na política, influencia também no resto: depois de sete novelas durante o dia (departamento da ficção), vem o comercial, com uma loiraça divulgando a cerveja e depois vem mais uma novela, que se aproveita do medo do desconhecido e reforça os estereótipos de homossexuais e outras minorias. Se acontecer um crime de ódio é um bom motivo para a mídia armar um circo né? Depois vem o BBB com o pessoal semi-nu na piscina.e funciona como o nosso equivalente da "pornosec", que nos deixa obcecados com o sexo e ao mesmo tempo com vergonha. Se acontecer um estupro, aproveita-se! mais uma desculpa para fazer uma história no jornal e esquecermos um pouco do saqueamento dos recursos públicos. Se o gigante acordar de novo, no fim vai dar tudo certo. Nós amamos o Big Brother (Brasil).

Nota final: 10

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O Último Reino

Pegando carona com Game of Thrones, a série "ACrônicas Saxônicas ganharam" ganhou uma versão adaptada para a TV. Sempre fui fã de Bernard Cornwell, e com a adaptação vindo aí, decidi finalmente tomar vergonha na cara e ler os livros.

Análise do livro:

                              O Ùltimo Reino


Ficha técnica:
O Último Reino
Da série "Crônicas Saxônicas" # 1
Ano: 2006 / Páginas: 364
Idioma: português
Editora: Grupo Editorial Record


Bernard Cornwell, autor consagrado de romances históricos logra em descrever ricamente imagens do período histórico representado em O Último Reino. No ano de 871, uma Inglaterra fragilizada pelas invasões dinamarquesas, mantém o que resta de seu território graças à atuação militar de Rei Alfredo, único monarca da história inglesa a receber a honra de ser chamado de "o Grande". Uma narrativa rica em detalhes surge de registros históricos da vida do Rei Alfredo, o Grande, mas Cornwell emplumou fartamente os entremeios dos grandes acontecimentos com licença poética, como devem fazer os romancistas históricos.  

Típico vilarejo do século VIII
Mas quem está no centro da história não Alfredo, mas sim o personagem fictício Uhtred, narrador que desvela ao longo das crônicas os golpes que sofre do destino. 

Um grandes triunfos do estilo Cornwelliano é a fluidez de suas narrativas, cobrindo grandes períodos de tempo em poucas páginas e pausando oportunamente para descrever momento por momento as grandes batalhas ou momentos importantes da vida cotidiana. É um deleite ler as descrições das batalhas, de festins e salões medievais.

O júbilo! O júbilo da espada. Eu estava dançando de júbilo, a alegria fervilhando dentro de mim, o júbilo da batalha do qual Ragnar falava com tanta freqüência, o júbilo do guerreiro. Se um homem não o conheceu não é homem.  

Um dos eixos temáticos das Crônicas Saxônicas é a fé. De um lado temos os deuses nórdicos, do outro a mitologia cristã. Uhtred está no centro dessa temática, enfrentando um conflito de identidade cultural: ele é um inglês patriota, mas carrega consigo o amuleto de Tor, desprezando a religião cristã. 

Parede de escudos!
Uhtred está no centro, mas não é o único personagem importante: Ragnar, Rorik, Sigrid e Thyra compõe sua família adotiva, assim como Brida, uma das minhas favoritas. Brida fala pouco, mas é feroz e inteligente. 

Apesar de tantos conflitos, o ponto de vista do autor é neutro: se Uhtred está do lado dinamarquês eu torço por eles, se ele está do lado inglês eu torço por eles. Do lado inglês, o protagonista também encontra uma família; uma esposa, um filho, estabelecendo assim, um coração partido em dois lados do conflito e as peças dessa maneira, são posicionadas para o quê tenho certeza, será uma ótima sequência em O Cavaleiro da Morte.

Nota final: 10
______________________________________________________

Bernard Cornwell é um dos meus autores favoritos, e pretendo escrever mais sobre o autor.

So, Stay tuned!

Cheers!

Leia as outras resenhas d'As Crônicas Saxônicas:

O último reino
O Cavaleiro da morte
Os senhores do norte (em breve)

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Jogos Vorazes - Best Sellers podem ser bons livros

Preconceito literário não tá com nada. Eu descobri isso quando li Jogos Vorazes, o primeiro volume da trilogia distópica de Suzanne Collins.

Como Jogos Vorazes conseguiu quebrar esse preconceito literário que eu tinha?

Descubra na análise do livro:

Jogos Vorazes
Ficha Técnica:
Ano: 2010 / Páginas: 400
Idioma: português 
Editora: Rocco

Com a ascensão comercial dos livros da série Jogos Vorazes, meu preconceito literário com a série só aumentava, pois eu a associava com Crepúsculo - o livro mais odiado da década passada - por conta de comentários que via sobre a narrativa de Suzanne Collins: comentários de garotas que estavam investidas no triângulo amoroso ou de caras reclamando que faltava violência no livro. Eu como amante da violência gratuita, decidi que odiava a série, assim como odeio a "Saga" Crepúsculo. Mas o mundo dá voltas, e quando eu decidi dar uma chance de verdade para Jogos Vorazes (por causa da Jennifer Lawrence) descobri, para minha surpresa, que o filme é uma distopia audaciosa e competente.

Descobri que o tal evento homônimo do titulo, os Jogos Vorazes, embora pareça muito com Battle Royale,  é apenas uma camada da distopia complexa criada por Collins. Os Jogos Vorazes tem muito mais gravidade, uma conotação muito mais perversa que a premissa Battle Royale. Os Jogos são um instrumento de opressão cínico, que consiste numa "colheita" anual, em que 24 crianças são "Ceifadas" de cada um dos 12 distritos, as regiões pobres do país que um dia foi chamado de Estados Unidos. São escolhidas aleatoriamente, só que o termo "ceifadas" é muito apropriado, pois uma vez sorteados, eles devem lutar até a morte. O último que resta vivo é poupado e recebe honrarias e prêmios para si e seu distrito. Só que a pior parte disso tudo são os espectadores desses Jogos. Como a boa distopia que a série de livros provou ser, os cidadãos de Panem são poupados dos jogos e são os telespectadores do grande evento: os Jogos Vorazes, uma espécie de mistura de reality show, Battle Royale, arenas da roma antiga e olimpíadas.


O antagonista de Jogos Vorazes não são os tributos que caçam Katniss, mas sim a sociedade de Paneem.

Jogos Vorazes assemelha-se nesse aspecto, a um filme de terror; só que ao invés de um Freddy Krueger, o "monstro" é a sociedade de Paneem. Descobri então, que o livro é rico em ironia, crítica social e cheio de motes temáticos. Os Jogos, por exemplo, funcionam como uma metalinguagem tão perfeita que é assustador: euesperava que o livro, no fim das contas, me surpreendesse com violência entre menores de idade. Eu comecei o livro querendo violência, veja só a ironia. E o romance também não é o que parece. Collins parece usar o triângulo amoroso da mesma forma que usaram o "cavalo de troia", convidando leitoras incautas com o triângulo amoroso, e quando percebem, na verdade estão lendo uma história de violência física e psicológica de uma ditadura contra jovens numa distopia moralmente distorcida. O tal do triângulo amoroso, na verdade, serve para a autora, como uma força motriz para desencadear uma série de eventos que tornarão a protagonista o centro de uma série de complicações nos livros seguintes. Também serve aos protagonistas, como uma ferramenta para sobreviver, pois ao agradar o público com um romance inventado, eles melhoram suas chances nos Jogos. Outros tributos, por exemplo, para ganhar vantagens, proporcionam entretenimento ao telespectador fazendo um "espetáculo" ao matar outros jogadores, garantindo assim, o patrocínio dos telespectadores. No caso dos protagonistas, sua armas para ganhar suprimentos é a relação inventada (não tão inventada por uma das partes). Afinal, é tudo que queremos, não é? Romance e violência. 

Não somos tão diferentes dos cidadãos de Paneem...

Nota:


Quem te viu, quem te vê! No fim das contas escrevi uma postagem recomendando o livro, se é que você já não leu!

Por hoje é só pessoal!

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Como Harry Potter e a Pedra Filosofal abriu caminhos para o resto da série?

Harry Potter é conhecido como "a porta de entrada para drogas mais pesadas" do mundo dos livros.  Quantas vezes você já não ouviu alguém dizendo que o primeiro livro foi Harry Potter? Por isso, querendo ou não, A Pedra Filosofal funciona como o responsável por atrair os leitores para ler o resto da série.

Como exatamente J. K. Rowling conseguiu fisgar milhões de leitores ao redor do mundo?

Eu tenho algumas hipóteses.

Vamos à análise!

Análise do livro:


Ficha técnica:
Ano: 2000 / Páginas: 263
Idioma: português 
Editora: Rocco


As primeiras linhas do livro nos contam sobre a família Dursley, da rua dos Alfeneiros nº. 4, que se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado. No entanto, lá vive também Harry Potter, que é tudo menos ordinário. O Sr. e a Sra. Dursley têm a guarda de Harry e o tratam como um segredo sujo, escondendo o menino que sobreviveu num porão debaixo da escada, dispensando apenas os cuidados absolutamente necessários.


"Harry estava acostumado com aranhas, porque o armário sob a escada vivia cheio delas e era ali que ele dormia."


Antes que alguém denunciasse os Dursley ao conselho tutelar (porque é isso que eventualmente aconteceria, né?), Harry recebe a carta de Hogwarts, e descobre a existência do mundo bruxo. 



Desde essa descoberta, a violência que Harry sofria na casa do Sr. Dursley se torna trivial frente às novas ameaças que ele encontra ali. Apesar disso, é no mundo bruxo que Harry sente-se feliz.



A princípio tudo é novidade para Harry, um verdadeiro peixe fora d'água. Sua reação quando Hagrid lhe dá a notícia diz muito sobre o Harry que vivia com os trouxas:



- Você é um bruxo Harry. 

- Eu, eu sou o que? 

- Um bruxo, e vai ser um bruxo de primeira se tiver treinado um pouco. 

- Não, o senhor se enganou. Sabe, eu não posso ser um, um bruxo. Eu, sou o Harry, só Harry.

No mundo bruxo, Harry finalmente é ouvido. Finalmente faz amigos! Finalmente encontra uma família! Ele é adotado pela família Weasley logo que os conhece durante o embarque na plataforma 9 e ½, e a partir de então, na companhia de Ron, nós, que estávamos lendo o livro pela primeira vez na década de 90, descobríamos o mundo junto com Harry. 

Pois é, todo o leitor brinca que espera até hoje o recebimento da carta, mas de certa forma, todos nós recebemos a carta junto com Harry, conhecendo pela primeira vez o mundo e os personagens lendo Harry Potter e a Pedra Filosofal.

Aliás, criar um mundo desse jeito não é tão fácil quanto parece. Os mundos fantásticos dos livros sempre correm o risco de serem confusos ou chatos, mas o grande êxito de J. K. Rowling ao botar no papel seu universo fantástico, foi contextualizá-lo num ambiente muito familiar: a escola. A escola é o lugar onde seus jovens leitores passam tantas horas de suas infâncias. Colocar seu mundo mágico dentro desse contexto, facilita para nós, leitores, relacionarmos nossas próprias experiências escolares com as daqueles dos alunos de Hogwarts.

Em Hogwarts é tudo muito familiar e muito estranho ao mesmo tempo: 



Temos aquele professor velho pra caramba, que dá a aula mais chata. No caso de Hogwarts, é o Sr. Binns, professor de História da Magia. 

Detalhe: ele é um fantasma. Harry se impressiona com o fato, mas logo se acostuma com a novidade de ter um professor fantasma, e vê a aula pelo o que ela realmente é: um sonífero.



Temos o também aquele professor severo que pega no pé de um aluno em especial, e parece que ele sempre sabe o quê você está pensando. No caso de Snape, ele sabe, afinal, descobrimos no sexto livro que ele é capaz de ler mentes.


Rowling escreve professores que existem em qualquer escola: trouxa ou bruxa. Mas adiciona sua magia para encantar seus leitores. 

E parece que deu certo, pois todo leitor mais jovem sonhava em estudar em Hogwarts.

Realmente, é engraçado como tudo que envolve a rotina escolar tem um equivalente em Harry Potter. Bom, só faltou o clássico "Professor, pra quê eu vou usar isso?''.

Pra matar comensais da morte daqui a seis livros, querida.

Mas não é só de um universo fantástico que se fez o sucesso de A Pedra Filosofal: a autora faz um universo alternativo cativante, mas um universo em que nada acontece não é muito interessante, não é mesmo? Por isso, no primeiro livro, ela faz um malabarismo com a introdução do universo, os seus personagens e uma história cheia de reviravoltas. Felizmente, J. K. Rowling, é uma ótima "malabarista" e inicia já no primeiro livro sua tradição de brincar com o gênero mistério.

Ao longo do livro, há muitas cenas na trama que parecem ser acontecimentos separados, pouco importantes e sem relação uns com os outros. Mas descobrimos mais tarde que fazia parte de uma trama maior. O capítulo em que ocorre o ataque do trasgo, por exemplo, parece servir apenas para introduzir a personagem da Hermione (dada como uma amizade forjada em batalha!). No entanto, no  final do livro tudo se conecta: o ataque do trasgo fazia parte de um plano maior, e a autora recompensa o leitor atento que vai juntando essas peças, revelando no final o grande mistério. Mas nunca é previsível! Rowling aprendeu uma lição ou duas com Agatha Christie, e sempre consegue nos despistar (Quem é que suspeitaria do professor gago? Ele é inofensivo!).

São esses mistérios que nos fazem voltar para ler os livros seguintes. No capítulo sobre o espelho de Osejed, por exemplo, ocorre uma das reviravoltas mais interessantes, que é o momento em que percebemos o que significa espelho de Osejed:

"Oh!!! Ao contrário significa espelho do desejo! Como nao percebi!"


Essa não é apenas uma reviravolta barata. É um capítulo que contribui para o desenvolvimento dos personagens e serve para abordar uma das principais temáticas da série: a morte. Harry descobre o espelho dos desejos e fica "viciado" em ver sua família. É de quebrar o coração. Mas Dumbledore alerta:
Não vale apena mergulhar nos sonhos e esquecer de viver.
Quando questionado por Harry, Dumbledore diz que vê no espelho um par de meias. 

Mas nos últimos livros descobrimos o que ele realmente vê. 

😭
Aliás, a tradução exepcional e as ilustrações da capa com certeza fizeram sua parte para popularizar o livro aqui no Brasil. A tradução nunca substitui o original, e perde algumas oportunidades: O capítulo "No alçapão" foi traduzido como Through the Trapdoor, que no título original é uma menção ao clássico da literatura inglesa Alice no País das Maravilhas. Harry cai pelo alçapão para uma seção escondida de Hogwarts e enfrenta um perigo mortal. Mas para Harry, vale a pena, para salvar Hogwarts e voltar lá ano que vem.


Harry Potter Livros gif


Harry Potter e a Pedra Filosofal começou a tendência de "sagas" no novo milênio, mas tendo marcado duas gerações ao redor do mundo, Harry potter tem força para continuar nos nossos corações, enquanto outras são esquecidas pouco tempo depois.

Nós sempre voltamos para Hogwarts.



Por hoje é só, pessoal!

Aliás, é muito fácil achar o livro. Qualquer biblioteca ou site de downloads de livros disponibiliza o livro de graça!

Se gostaram do texto, deixem um comentário! É fácil: não precisa nem digitar captcha.

Até mais! Espero que tenham gostado da análise e lembrem-se:

É Leviosa, e não Leviosá!

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Será Uhtred apenas mais um Sharpe?

Análise do livro:

O Cavaleiro da Morte

Ficha Técnica:
Título original: The Pale horseman
Segundo volume d'As Crônicas Saxônicas
Ano: 2007 / Páginas: 392
Idioma: português
Editora: Record



Cornwell é um excelente escritor, mas depois de ler quase toda a sua bibliografia, acabo percebendo seu calcanhar de Aquiles: as formas prontas. Sempre temos um herói, uma feiticeira traidora, um grande líder, um padre maquiavélico...
  
O Cavaleiro da Morte, infelizmente é um livro muito formulaico. Mas isso prejudica a leitura? Será Uhtred apenas mais um Sharpe?

Vamos à análise!

O Cavaleiro da morte é faz parte das crônicas saxônicas, que já está em seu décimo livro.

Na Primeira parte do livro, "Viking", o autor tira do caminho sua costumaz recapitulação, o que é ótimo para refrescar a memória de quem leu o livro anterior a algum tempo, mas para mim que leu um seguido do outro, acaba ficando repetitivo.
"Hoje em dia olho os garotos de 20 anos e acho que são pateticamente jovens, mal saídos das tetas das mães, mas quando tinha vinte anos eu me considerava adulto. [...] Motivo pelo qual, depois da nossa vitória em Cynuit, fiz a coisa errada."
Depois de derrotar Ubba Lothbrokson, o mais temido líder dinamarquês e enviá-lo ao einherjar, Uhtred foi de encontro a sua família ao invés de colher as recompensas de sua sorte. Naturalmente, outro saxão aproveitou a oportunidade e roubou o crédito. Uhtred foi tomar satisfação e só arrumou outro problema, dessa vez, com os seus superiores. 
"E não me senti mais entediado, porque seríamos vikings."
Resolvido esse problema, Uhtred vai para o mar como um viking e conhece Nimue Iseult, uma rainha das sombras, e Asser, um padre filho da puta. Se você leu As Crônicas de Artur ou As Aventuras de Sharpe, reconhece um padrão até aqui:

O protagonista é um anti-herói, mas é valioso para o seu superior, uma grande figura militar. O (anti) herói sofre uma injustiça infligida pelo tal superior, e por isso então faz seu próprio caminho até voltar ao exército inglês, para a grande batalha do final do livro. No caminho, ele conhece mulheres com personalidade forte, e tem embates com um padre antagonista ou uma rivalidade com outro guerreiro.

Se Derfel e Sharpe tivessem um filho (ai que delícia, cara), seria Uhtred. Mas será que isso é realmente uma notícia ruim?

Na Segunda Parte, "O rei do pântano", os personagens ganham mais vida. Depois de sofrer um ataque terrível, o Rei Alfredo precisa reconstruir suas forças, e conta com a ajuda de Uhtred para fazê-lo. A calmaria depois da tempestade, é a oportunidade perfeita para que Alfredo e sua família ganhem mais profundidade e personalidade. A entourage de Uhtred também se beneficia desse interlúdio: constituída por Leofric, Iseult,  Eanfled, Hild, Steapa e por Pyrlig.

Esse arco tem um ótimo desfecho. A cura do bebê e suas consequências, fecha o nó de uma subtrama com uma ironia trágica.

A figura de Alfredo, por enquanto, não tem nada de "Grande", principalmente por acompanharmos a história na perspectiva de Uhtred, que o odeia. No entanto, Alfredo se redime um pouco ao vermos os momentos íntimos da família real. Um momento legal foi a camponesa ignorante, batendo em seu rei por ele ter deixado queimar os bolinhosE segundo Cornwell, essa é uma das narrativas folclóricas mais famosas ligadas a Alfredo.

Na Terceira parte, "O fyrd", dinamarqueses e britânicos digladiam pela supremacia em Ethandun. E Cornweel nunca decepciona em suas cenas de batalha.

Recriei a batalha de Ethandun em Age of Empires II. Clique para ampliar.

Os britânicos, como sempre, estão em desvantagem numérica. Além disso, eles precisam avançar contra uma fortaleza e enfrentar terreno ruim. A batalha de Ethandun é partircularmente sangrenta, e eu não sei como o autor consegue resgatar todos os pormenores de uma batalha de aço contra aço. Está tudo lá: o autor sabe o quê acontece com o corpo humano quando é atingido por flechas, espadas, escudos, machados...

A parede de escudos se choca com o skjladborg e parece que estamos no meio de tudo!
"Eu podia sentir o cheiro de sangue e merda. Esses são os cheiros da batalha."  

A narrativa do Cavaleiro da Morte serve como uma ponte para o próximo livro. E Cornwell sabe disso. Por isso, ele tentar nos dar encerramento para a história desse segundo volume, ao matar dois personagens importantes, amigos de Uhtred. 

E são mortes horríveis, que apesar de os personagens terem sido criados para serem ceifados e dar mais peso à trama, eu senti terrivelmente a perda de um dos personagens.

Parece, afinal de contas, que a "fórmula" funciona, e O Cavaleiro não deixa de ser uma boa leitura. Mesmo que eu já conheça a fórmula de cor e salteado.

NOTA FINAL: 10

Recomendadíssimo.

O livro está disponível em qualquer biblioteca, ou livraria!

Cheers!