Marcadores

Mostrando postagens com marcador Análises de filmes. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Análises de filmes. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Um novo olhar sobre o mundo - resenha de Baraka (1993)

Ficha Técnica
Baraka – Um Mundo Além das Palavras (1993)
Diretor: Richard E. Robbins
Gênero: "Documentário-musical"
Duração: 1 hr. 36 min.
Elenco: O mundo inteiro


Diga o que quiser sobre Baraka, mas é um filme singular que elude as definições de gênero. 

Sempre me imagino tentando explicar o que é esse filme e porque me marcou tanto... 


Parece um documentário quando mostra desigualdade social, mas Baraka tem pretensões de uma reflexão vaga espiritual-artística que fala ao espectador de qualquer lugar ou de qualquer crença. 

É livre de narrativa e diálogo, mas nunca vazio de emoção ou significado.

Meu aspecto favorito do filme é justamente, sua linguagem: imagens exóticas ou mundanas, de natureza ou de grandes centros urbanos, que revelam nuances de lugares em todos os cantos da Terra. 

É verdade que em 2015, graças à internet, estejamos saturados de imagens de muitos dos lugares mostrados no filme, e por isso essas imagens talvez não tivessem o mesmo impacto não fosse pela engenhosidade dos ângulos, pelas sequências com câmera acelerada, pela justaposição de imagens, etc. 

As imagens são pontuadas por uma trilha sonora maravilhosa, em que o diretor usa a a música de Phillip Glass, compositor estadunidense, para costurar as imagens numa temática, de maneira que a cadência dessas música serve para pontuar as imagens como o mote de um poema junto com a linguagem visual e antíteses, progressão de temas de modo que o filme, sem usar nenhuma palavra fala mais que a maioria dos filmes contemporâneosPor isso acho a "tradução" brasileira do filme muito apropriada: um mundo além de palavras.  


mais de uma maneira de interpretar Baraka. Uma delas é seu apelo artístico que torna incríveis imagens mundanas, me proporcionando refletir sobre meu lugar no mundo, sobre minha visão pequena de mundo diante de tamanha diversidade natural e cultural. 

Vivo numa bolha e nunca explorei o mundo.

Se você gostou de Baraka, recomendo ver os outros filmes: a trilogia Qatsi que inspirou esse filme, e Samsara, a contInuação espiritual de Baraka.

Importante: não deixe de assistir o filme em HD na maior TV que você tiver!

Download gratuito disponível no Piratebay aqui.

Nota final: 9,0

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O Último Reino

Pegando carona com Game of Thrones, a série "ACrônicas Saxônicas ganharam" ganhou uma versão adaptada para a TV. Sempre fui fã de Bernard Cornwell, e com a adaptação vindo aí, decidi finalmente tomar vergonha na cara e ler os livros.

Análise do livro:

                              O Ùltimo Reino


Ficha técnica:
O Último Reino
Da série "Crônicas Saxônicas" # 1
Ano: 2006 / Páginas: 364
Idioma: português
Editora: Grupo Editorial Record


Bernard Cornwell, autor consagrado de romances históricos logra em descrever ricamente imagens do período histórico representado em O Último Reino. No ano de 871, uma Inglaterra fragilizada pelas invasões dinamarquesas, mantém o que resta de seu território graças à atuação militar de Rei Alfredo, único monarca da história inglesa a receber a honra de ser chamado de "o Grande". Uma narrativa rica em detalhes surge de registros históricos da vida do Rei Alfredo, o Grande, mas Cornwell emplumou fartamente os entremeios dos grandes acontecimentos com licença poética, como devem fazer os romancistas históricos.  

Típico vilarejo do século VIII
Mas quem está no centro da história não Alfredo, mas sim o personagem fictício Uhtred, narrador que desvela ao longo das crônicas os golpes que sofre do destino. 

Um grandes triunfos do estilo Cornwelliano é a fluidez de suas narrativas, cobrindo grandes períodos de tempo em poucas páginas e pausando oportunamente para descrever momento por momento as grandes batalhas ou momentos importantes da vida cotidiana. É um deleite ler as descrições das batalhas, de festins e salões medievais.

O júbilo! O júbilo da espada. Eu estava dançando de júbilo, a alegria fervilhando dentro de mim, o júbilo da batalha do qual Ragnar falava com tanta freqüência, o júbilo do guerreiro. Se um homem não o conheceu não é homem.  

Um dos eixos temáticos das Crônicas Saxônicas é a fé. De um lado temos os deuses nórdicos, do outro a mitologia cristã. Uhtred está no centro dessa temática, enfrentando um conflito de identidade cultural: ele é um inglês patriota, mas carrega consigo o amuleto de Tor, desprezando a religião cristã. 

Parede de escudos!
Uhtred está no centro, mas não é o único personagem importante: Ragnar, Rorik, Sigrid e Thyra compõe sua família adotiva, assim como Brida, uma das minhas favoritas. Brida fala pouco, mas é feroz e inteligente. 

Apesar de tantos conflitos, o ponto de vista do autor é neutro: se Uhtred está do lado dinamarquês eu torço por eles, se ele está do lado inglês eu torço por eles. Do lado inglês, o protagonista também encontra uma família; uma esposa, um filho, estabelecendo assim, um coração partido em dois lados do conflito e as peças dessa maneira, são posicionadas para o quê tenho certeza, será uma ótima sequência em O Cavaleiro da Morte.

Nota final: 10
______________________________________________________

Bernard Cornwell é um dos meus autores favoritos, e pretendo escrever mais sobre o autor.

So, Stay tuned!

Cheers!

Leia as outras resenhas d'As Crônicas Saxônicas:

O último reino
O Cavaleiro da morte
Os senhores do norte (em breve)

sábado, 5 de novembro de 2016

Star Wars - O Despertar da Nostalgia

Testemunhe, o glorioso retorno de Star Wars. Mas será que o novo filme depende muito do legado da trilogia original?
Análise do filme:

Star Wars - Despertar da Força



            
Há muito tempo atrás, numa década muito, muito distante...

Um filme fez história.

Mais de 30 anos depois, criou-se enorme expectativa para o glorioso retorno de Star Wars.

Com a recepção ruim que a nova trilogia teve, o filme dirigido por J. J. Abrams surpreendentemente atendeu às expectativas dos fãs mais xiitas. 

Razão de seu êxito? 

Ele não fez apostas; usou os elementos que sabia comprovadamente que funcionariam. 

Eles sabiam o que nós queríamos ver.

A caixa de som explode com o maravilhoso tema de John Williams direto de 1983, o tapetão com as letras amarelas sobe pela tela e somos crianças de novo.  O mercado da nostalgia é muito lucrativo. E  Abrams quer agradar os fãs e seus suseranos da Disney. Para isso, com o fim de reproduzir a mágica dos filmes originais, pega emprestado muitos elementos de Star Wars: episódio IV: Uma Nova Esperança (1989).

Não fiquei no cinema para assistir aos créditos, mas muito provavelmente estavam creditados ali a equipe do "Departamento de nostalgia".

Por depender tanto da trilogia original, Despertar é largamente acusado de não ser uma continuação, mas um remake.

As naves voando no espaço. Um ataque a um vilarejo e um robô-mascote (logo logo, nas melhores lojas de brinquedos) com informações importantes vagando no deserto. Tudo é muito familiar.

Em seguida, a câmera muda de núcleo narrativo para nos apresentar a nova protagonista: uma sucateira chamada Rey (Daisy Ridley). Suas vestes parecem as do protagonista anterior, Luke Skywalker, que também morava num planeta isolado até se envolver com os os rebeldes e o resto é história. 

As semelhanças não param por aí: nos dois filmes alguém é capturado, levando a uma missão de resgate, na qual a figura mentora do protagonista morre (mesmo assim os heróis logram em destruir a arma apocalíptica do antagonista. 

Enfim, há muitos ecos da trama de Esperança em Despertar...

Mas o que é entendido como uma repetição, também pode ser interpretado como proposital: ecos temáticos são outra característica clássica da saga, afinal Star Wars antes de ser sci-fi, é primordialmente uma história arturiana, uma história do bem contra o mal. 

E o destino nessas histórias é tudo. 

Talvez possamos encarar essas histórias que se repetem como a natureza cíclica da Força. Em qualquer outra opera espacial, numa galáxia muito, muito distante, esses tropos se repetem: um herói corruptível, que talvez tenha redenção. Pais obrigados a abandonar os filhos. O mestre traído. O herói que sofre mutilação do corpo, sua provação física e mental (cuidado Rey, para não perder a mão no episódio VIII!!!).

Pode ser um eco temático, mas é também uma piscadela para os fãs. O filme usa isso a seu favor quando os personagens principais "fãs" de Han Solo, Luke e Leia. O Despertar é um filme sobre legado e os novos personagens são o meio pelo qual a nova trilogia* da franquia começa a caminhar com as próprias pernas.

*Eu digo "nova trilogia", mas aposto 10 batatas rechadas que será uma trilogia de quatro filmes, seguindo a tendência Harry Potter de O Último Filme da Saga, Parte I e II, para maximizar a renda com bilheteria.

Parte VII, felizmente, com todos os retornos aos  episódios anteriores, traz um elenco novo competente com personagens carismáticos e diálogo ágil. Os novos personagens são a força motriz da narrativa, e a tripulação original da Millenium Falcon está lá apenas para passar a tocha para o pessoal novo: Dameron Poe, o melhor piloto da aliança e um stormtrooper vira-casaca chamado Finn. 

E então temos Rey. O protagonismo feminino não é novidade do episódio VII, pois Star Wars tem um histórico sólido de mulheres que fogem dos tropos de "dama em perigo". Leia, por exemplo, é uma princesa, mas nunca precisou de resgate, sabendo usar muito bem armas de laser e nunca se acovardou diante de inimigo nenhum, assim como sua filha Padmé, que conquistou de volta seu palácio numa manobra militar da qual participou nas linhas de frente. 

A jornada do herói recomeça, dessa vez com Rey.
No entanto, Rey, diferente das deuteragonistas anteriores (Leia e Padmé), não está à margem do protagonista principal (Luke e Anakin) e não é apenas uma versão feminina dos protagonistas de Luke ou Anakin. Idos estão os dias do biquini de metal de Leia e o top curtinho de Padmé. A nova protagonista usa suas roupas pela praticidade. Ela não precisa de resgate (Finn tentou, mas chegou tarde)  e é um deleite testemunhar o despertar da força em Rey. Nos próximos filmes, teremos o inevitável romance, mas quem será chamado de "interesse romântico" não será ela, e sim (presumivelmente) Finn. 


Stop trying to make Poe + Fin happen. It's not gonna happen!
Rey é a protagonista feminina durona que funciona, e acho que sei o motivo: Abrams se envolveu brevemente com Legend of Korra, seriado animado assumidamente feminista, por isso, talvez não seja conhecidência que há muito de Korra em Rey.

Concluindo, acho que é muito lógico: para reacender a magia de Star Wars valeram-se do legado deixado por George Lucas, mas a base sólida estabelecida em Despertar oportuniza à equipe da nova trilogia, nos próximos episódios, contar novas histórias daquela galáxia muito, muito distante.

Nota final: 10 batatas!

Obrigado por ler.

Que a força esteja com você!

Até a próxima.

sábado, 29 de outubro de 2016

Guia de filmes ruins

Esses dias meu irmão ligou a TV na TNT. 

Tava passando um filme do Adam Sandler. 

Parece que nesse canal só passa filme desse cara...

Aí eu pedi para ele desligar a TV, justificando que qualquer filme com o Sandler ou com o Nicolas Cage não podem ser filmes bons, não precisa nem dar chance.

Meu irmão responde dizendo que sou um esnobe, que tenho soberba cinéfila, e diz que já viu muito filme bom com esses atores.

Isso me deu uma ideia: fazer um "guia de como saber se um filme é ruim". Por mais que a lista tenha algumas generalizações, eu digo que se você souber usar essa lista com senso-crítico, ela pode ser muito útil.

Esse guia é bom demais para ficar só na minha cabeça, por isso resolvi compartilhá-lo com o mundo!

Esse guia pode fazer com que você poupe seu dinheiro com o cinema, ou que você gaste horas e horas procurando um download gratuito na internet... esse esforço todo para um filme que não vale a pena.

1 - Dá pra saber muito sobre um filme apenas pelo elenco

Analisar o elenco pode evitar que você perca seu tempo com um filme ruim. Há atores que simplesmente nunca fizeram um filme bom: Nicolas Cage, Dwayne "The Rock" Johnson...

Alguns atores têm dedo podre e escolhem projetos que parecem ser bons, mas fracassam. Por exemplo, Nicole Kidman é uma atriz competente, que já fez filmes bons e filmes ruins.

Daniel Day-Lewis é um ator que descobriu a fórmula mágica e nunca se meteu em enrascada; sempre fez filmes ótimos. Assista qualquer filme com esse cara e será uma experiência sólida.

2 - Julgue pela capa, sim!

Filme ruim, normalmente tem capa ruim.

É difícil apontar quais os sinais; é uma coisa de instinto. 


Mas a capa diz muita coisa sobre o filme.

A capa é o primeiro contato do espectador com o filme, e muitas produtoras deixam de aproveitar a capa para fazer uma declaração artística sobre o filme, preferindo fazer uma capa estritamente comercial.

Afinal, todo filme quer vender, e para vender, eles precisam de um ator que tenha "poder de estrela". Isso é, precisam de um rosto conhecido. É esse rosto famoso que ganha destaque no poster do filme e demais materiais promocionais. Pois supostamente, um rosto famoso atrai mais espectadores. 



Amor, vamos assistir esse tal de Oblivion. Tem o Tom Cruise, então deve ser bom, né?

Ás vezes, o personagem que tem mais destaque no filme nem está na capa.Muitas produtoras se valem desse artifício malicioso para vender filmes ruins.


Em alguns casos, o ator em destaque, encarregado de vender o filme com seu poder de estrela, tem uma fama momentânea. 


Isso é um mal sinal.  


Isso acontecia muito na época em que Lost era muito popular: vários atores do seriado protagonizaram alguns filmes de baixo orçamento. 


A ideia, era que mesmo com o baixo orçamento do filme, os atores do seriado "davam credibilidade" para a produção sem que os produtores precisassem pagar um ator com poder de estrela muito caro, como o Tom Hanks, a Angelina Jolie ou o Tom Cruise, por exemplo.

3 - Filme baseado em jogo

Por algum motivo, filmes adaptados de jogos nunca dão certo. 

Desde a década de 90, com o filme do Mortal Kombat, filmeco mais desagradável que um edema pulmonar.


Todos aqueles filmes do Uwe Boll.


Mas porque que isso acontece?


Eles partem da ideia de que o game já tem um nome estabelecido, e que isso garante uma vantagem na hora de vender o filme. Com isso, deixam de se importar com a qualidade cinematográfica. 


Talvez, achem que o jogo já entrega "tudo pronto", que não precisam trabalhar muito pois a história já está pronta. Mas o resultado, com uma frequência alta demais, é desastroso. 

4 - Regra geral: fique longe de remakes!

Infelizmente, chovem remakes sobre a audiência-ovelha incauta que faz fila no cinema para o abate. 

Se é um remake, há um nome pré-estabelecido. Por exemplo: um filme que fez sucesso nos anos 80 e todo mundo conhece mais ou menos o nome. Na hora de o espectador escolher qual filme quer ver, as chances de escolherem algo que eles conhecem é muito maior do que a de eles escolherem um filme novo. Nesses casos, alguns filmes nem se dão o trabalho de contratar um ator com poder de estrela: o nome do remake já tem a fama sucifiente para atrair mais público. Pode perceber: eles botam o título do filme bem grande e deixam o nome do elenco bem pequeno. 

Fazer um remake não é uma questão de "renovar" um filme para novas audiências, mas sim uma questão de marketing. 

Chega ao ponto de fazerem remakes de filmes que originalmente já não era bons. 


Basta que o nome do filme ainda tenha força.

5 - As produtoras marcadas

Algumas produtoras são conhecidas por serem marqueteiras maliciosas que fazem um desserviço à indústria de filmes. 

Uma que eu tenho repúdio é a Globo Filmes. Eles têm tentado copiar o modelo dos enlatados americanos, produzindo comédias bizarras com atores que têm o tal poder de estrela e sempre "jogam seguro", nunca fazem aposta alguma em nome da 7ª arte.


Se Eu Fosse Você copia em 2006 uma fórmula que está vencida desde os anos 90
6 - Os "filmes-tendência", também conhecidos como "filmes-parasitas"

"Tudo que você fez nessa postagem foi criticar táticas comerciais. Mas qual o problema dessas táticas, afinal? Ninguém quer perder dinheiro, caramba!"

Sim, eu sei. Não quero dizer que um filme comercial não possa ser bom. Mas frequentemente o lado comercial atrapalha o lado artístico. E então temos os filmes parasitas: a pior espécie de película que consigo pensar. Esse tipo é aquele filme ruim que vem maquiado para ficar mais parecido com o que está fazendo sucesso.


Esse é literalmente um filme parasita: é feito na intenção de embarcar no sucesso de outros filmes.


Na época de Crepúsculo por exemplo, quantos clones não surgiram?

7 - Recepção ruim da crítica e do público:

Uma ferramenta ótima para saber como um filme foi recebido é o IMDB e o Rottentomatoes.

A nota do Netflix, infelizmente, não é muito confiável. Muito filme bom está avaliado abaixo de três estrelas.

Se ficar no cinema por pouco tempo ou o filme ir direto para DVD, é um mal sinal. 

Exceções da lista:

Nem sempre um filme com x ator vai ser ruim, mas é um indicativo.

Às vezes o filme simplesmente não é a sua praia. Saiba escolher um gênero que lhe agrade.


Por mais que Mad Max seja um filme animal, minha avó talvez prefira assistir a "O Homem Bicentenário.

Se essa lista não for útil para você, talvez seja para mim no futuro, quando eu tiver Alzheimer!

Cheers!

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Qual é o nome da rosa?

Umberto Eco, faleceu em 2016 com 84 anos. Que descanse em paz.

Embarcando no trem da fama póstuma, seus livros voltaram a estar em voga. Por isso, estudamos na disciplina de Literatura Portuguesa, a obra prima do autor italiano, O Nome da Rosa.

Uma das vantagens de estudar Letras é que muito do que escrevo, eu consigo adaptar para postagens no blogue.

Matando dois coelhos numa cajadada só!

que dó

Não, não, não...

Not cool.


Literal demais.

Análise do filme:

O Nome da Rosa


o nome da rosa capa
Ficha técnica:
Titulo original: Der Name der Rose
Dirigido por 
Ano: 1986 
Duração: 120 min.

O filme começa com belas tomadas panorâmicas estabelecendo o cenário do filme: uma abadia isolada, no norte da Itália. É onde vivem monges copistas, transcrevendo exaustivamente livros e mais livros.

Frei William de Baskerville, franciscano erudito interpretado por Sean Connery, acompanhado de seu noviço, Adso de Melk, interpretado por Christian Slater, chegam ao mosteiro e são recebidos com uma notícia desconcertante: um dos cenobitas cometeu suicídio.

Cenobita refere-se a alguem que vive numa comunidade com interesses em comum. Quis usar essa palavra desde o dia em que assisti Hellraiser!

Com o desenrolar do enredo, William de Baskerville logo se vê diante de uma série de assassinatos dentro da irmandade franciscana.
 
O Nome da Rosa conta com uma ambientação medieval eclesiástica, com cenários atmosféricos carregados de pesada opressão, que conferem ao filme um charme gótico. Os monges, sujos se escondem nas sombras ou professam em pânico que os assassinatos são obras do demônio. William de Baskerville não concorda dessa teoria, e começa a usar seus poderes de dedução - emprestados de Sherlock Holmes - para lentamente desvelar uma rede de mistérios que inexoravelmente sempre tornam para uma biblioteca secreta.

Sim, o modus operandi que Baskerville emprega nas investigações parece muito com o de Sherlock Holmes! E não, não é conhecidência nem plágio: Umberto Eco faz uma menção direta ao livro de Sir Arthur Conan Doyle Cão de Baskerville ao batizar seu protagonista. Ademais, a dinâmica entre o mestre e o pupilo claramente faz alusão aos grandes personagens do autor britânico, sendo Adso de Melk, o substituto de Doutor Watson.

Aliás, Sean Connery na pele do detetive franciscano, com sua interpretação madura, carrega nas costas seu companheiro de cena, Christian Slater, então jovem e inexperiente.
Parece que os livros clássicos têm que pedir licença:

"É um clássico, mas é legal, hein?!"

No caso de O Nome da Rosa, frequentemente usam a desculpa de que, apesar do alto teor teológico e filosófico do conteúdo, temos como contraponto a seu lado mais sério, uma história de detetive para manter o interesse.

Mas acho que o grande mistério é apenas a força motriz do enredo, uma desculpa para a verdadeira alma do filme: O Nome da Rosa, antes de ser uma história de detetive, é um filme adaptado de um livro sobre o conhecimento dos livros.

Afinal, um dos principais eixos temáticos é o embate da razão e da fé. Tema que é explorado por meio da misteriosa biblioteca proibida. 


Encerrada nas entranhas do mosteiro, está uma das maiores e mais importantes bibliotecas da cristandade.

biblioteca nome da rosa
Que por sinal é um dos sets mais legais do filme
Mas por que a biblioteca é importante e o quê ela tem a ver com os assassinatos?  

Assista ao filme para descobrir!

Bem, sabemos, que a igreja era muito poderosa na idade média e controlava o acesso ao conhecimento. Como um dos personagens diz:
"Na biblioteca há livros que contém ideias diferentes das nossas. Ideias que nos fariam duvidar da inefabilidade de Deus."

Uma das primeiras vítimas assassinada é um monge tradutor, especialista em Aristóteles. No final do filme, Baskerville descobre um dos livros secretos na biblioteca, e o mais precioso de todos (e cuidado com o pequeno spoiler):  A Comédia de Aristóteles.

Esse livro na verdade não existe. A poética de Aristóteles menciona tal livro, mas se ele chegou a escrevê-lo, o manuscrito se perdeu.

Mas com isso o filme levanta questões bem interessantes.

Nós desconsideramos a comédia como apenas um gênero engraçado, mas a comédia pode ser muito perigosa. No caso da política brasileira, por exemplo, a sátira política que você vê em jornais, ou até mesmo no Facebook pode mudar sua opinião sem você perceber

No caso de Charlie Hebdo, o humor trouxe consequências terríveis, espelhadas numa frase que o abade professou:

"Podemos rir de Deus? O mundo entraria em caos!"

Para mim, um dos detalhes mais legais do filme é que o monge tradutor estava rindo do livro secreto em uma das cenas. Só mais tarde descobrimos qual era o livro. Se existisse no mundo real, um livro tão importante, escrito por Aristóteles, autor tão respeitado pelos homens sábios e pelos homens da igreja, o mundo hoje seria diferente.

Além do mistério, temos disputas eclesiasticas envolvendo a Santa Inquisição e um romance envolvendo Adso e uma garota que vive perto do mosteiro, subtrama que objetiva responder a pergunta no título do filme:

Qual é o nome da rosa?

Veja o filme para descobrir. O filme dá a resposta mais fácil, mas acredito que o livro, sendo o autor um semiólogo (Ciencia que tem como objeto de estudo os signos e seus significados), forneça no livro uma resposta com muitas mais nuances.

Fica o desafio para mim, encarar um dia a leitura do material que inspirou o filme.

Nota: 

Espero que vocês tenham gostado, deixem um comentário caso tenham se interessado pelo filme, ou o quê acharam do filme, ou para xingar, etc.

Abraços!

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Suspiria consegue capturar um pesadelo em filme.

Na sequência de abertura do clássico do horror, Suzy, uma estudante de balé americana chega ao aeroporto alemão à noite para ingressar na mais prestigiosa academia de dança europeia. Na noite de sua chegada, ela é recebida por uma tempestade e pela trilha sonora ominosa: é como se ela atravessasse - inconsciente do perigo iminente - um portal para o mundo sádico de Dario Argento.

Análise do filme:

Suspiria (1977)
Terror, Suspense
Subgênero: Giallo
Direção: Dario Argento

Página no imdb


Trailer do filme:





A heroína inocente é engolfada involuntariamente pela atmosfera opressora do filme: as construções cênicas elaboradas pela equipe de Suspiria são ricamente elaboradas com visuais suntuosos pelo qual o filme é tão conhecido.


Para construir o seu palco de tortura psicológica e assassinato, os produtores do filme abusaram da vivacidade de amarelos, do calor de vermelhos e da exuberância de verdes no lugar da costumaz escuridão com a qual se constroem outros filmes de terror.

O esquema de cores vibrantes orquestrado por Argento salta da tela construindo uma atmosfera onírica e surreal tão interessante que é fácil perdoar os defeitos do filme: a dublagem é horrorosa, e a atuação também não é nada muito melhor do que vemos nas novelas ruins da Rede Record.

Vale destacar que a trilha sonora do filme é feita por uma banda de metal italiana, Goblin. Amada por um, odiada por outros, a trilha sonora divide opiniões. Eu, pessoalmente, acho a trilha sonora apropriada: não é o som pretensamente assustador do seu filme de terror tradicional: a música em Suspiria é muito mais dissonante. Muitas vezes não combina com a cena, mas acho que é justamente por ser tão intrusiva que a trilha sonora funciona.

Ao chegar, a protagonista testemunha uma jovem dançarina fugindo em terror e descobre na manhã seguinte que a pobre moça foi brutalmente assassinada perto da escola. As coisas ficam ainda mais sinistras quando chega à escola: suas colegas são hostis e mesquinhas, e parece haver uma conspiração no ar e conversas sobre um conciliábulo que ocupava previamente as instalações da academia de dança.

Suspiria une o vulgar e o excesso dos slashers, com seu assassino representando uma ameaça física, e a sobrecarga sensória de sons e imagens, com uma ameaça psicológica do sobrenatural, numa escala progressiva de notas febris de desespero e espanto reminiscente de pesadelo.

Muito admirado em nichos de filmes cult, Suspiria continua sendo um dos filmes de terror mais estilosos já feito.

Nota: 

Curiosidades:

  • Um remake está sendo produzido com Tilda Swinton e Dakota Johnson.
  • Suspiria popularizou o subgênero giallo, que são tramas que misturam elementos de slashers, terror sobrenatural e histórias de detetive.

Assistir o filme online ou baixar por torrent:

https://thepiratebay.org/torrent/6764294/Suspiria_(1977)_BRRip_Xvid_AC3-Anarchy

Obrigado pela visita!

Voltem sempre!