quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Será Uhtred apenas mais um Sharpe?

Análise do livro:

O Cavaleiro da Morte

Ficha Técnica:
Título original: The Pale horseman
Segundo volume d'As Crônicas Saxônicas
Ano: 2007 / Páginas: 392
Idioma: português
Editora: Record



Cornwell é um excelente escritor, mas depois de ler quase toda a sua bibliografia, acabo percebendo seu calcanhar de Aquiles: as formas prontas. Sempre temos um herói, uma feiticeira traidora, um grande líder, um padre maquiavélico...
  
O Cavaleiro da Morte, infelizmente é um livro muito formulaico. Mas isso prejudica a leitura? Será Uhtred apenas mais um Sharpe?

Vamos à análise!

O Cavaleiro da morte é faz parte das crônicas saxônicas, que já está em seu décimo livro.

Na Primeira parte do livro, "Viking", o autor tira do caminho sua costumaz recapitulação, o que é ótimo para refrescar a memória de quem leu o livro anterior a algum tempo, mas para mim que leu um seguido do outro, acaba ficando repetitivo.
"Hoje em dia olho os garotos de 20 anos e acho que são pateticamente jovens, mal saídos das tetas das mães, mas quando tinha vinte anos eu me considerava adulto. [...] Motivo pelo qual, depois da nossa vitória em Cynuit, fiz a coisa errada."
Depois de derrotar Ubba Lothbrokson, o mais temido líder dinamarquês e enviá-lo ao einherjar, Uhtred foi de encontro a sua família ao invés de colher as recompensas de sua sorte. Naturalmente, outro saxão aproveitou a oportunidade e roubou o crédito. Uhtred foi tomar satisfação e só arrumou outro problema, dessa vez, com os seus superiores. 
"E não me senti mais entediado, porque seríamos vikings."
Resolvido esse problema, Uhtred vai para o mar como um viking e conhece Nimue Iseult, uma rainha das sombras, e Asser, um padre filho da puta. Se você leu As Crônicas de Artur ou As Aventuras de Sharpe, reconhece um padrão até aqui:

O protagonista é um anti-herói, mas é valioso para o seu superior, uma grande figura militar. O (anti) herói sofre uma injustiça infligida pelo tal superior, e por isso então faz seu próprio caminho até voltar ao exército inglês, para a grande batalha do final do livro. No caminho, ele conhece mulheres com personalidade forte, e tem embates com um padre antagonista ou uma rivalidade com outro guerreiro.

Se Derfel e Sharpe tivessem um filho (ai que delícia, cara), seria Uhtred. Mas será que isso é realmente uma notícia ruim?

Na Segunda Parte, "O rei do pântano", os personagens ganham mais vida. Depois de sofrer um ataque terrível, o Rei Alfredo precisa reconstruir suas forças, e conta com a ajuda de Uhtred para fazê-lo. A calmaria depois da tempestade, é a oportunidade perfeita para que Alfredo e sua família ganhem mais profundidade e personalidade. A entourage de Uhtred também se beneficia desse interlúdio: constituída por Leofric, Iseult,  Eanfled, Hild, Steapa e por Pyrlig.

Esse arco tem um ótimo desfecho. A cura do bebê e suas consequências, fecha o nó de uma subtrama com uma ironia trágica.

A figura de Alfredo, por enquanto, não tem nada de "Grande", principalmente por acompanharmos a história na perspectiva de Uhtred, que o odeia. No entanto, Alfredo se redime um pouco ao vermos os momentos íntimos da família real. Um momento legal foi a camponesa ignorante, batendo em seu rei por ele ter deixado queimar os bolinhosE segundo Cornwell, essa é uma das narrativas folclóricas mais famosas ligadas a Alfredo.

Na Terceira parte, "O fyrd", dinamarqueses e britânicos digladiam pela supremacia em Ethandun. E Cornweel nunca decepciona em suas cenas de batalha.

Recriei a batalha de Ethandun em Age of Empires II. Clique para ampliar.

Os britânicos, como sempre, estão em desvantagem numérica. Além disso, eles precisam avançar contra uma fortaleza e enfrentar terreno ruim. A batalha de Ethandun é partircularmente sangrenta, e eu não sei como o autor consegue resgatar todos os pormenores de uma batalha de aço contra aço. Está tudo lá: o autor sabe o quê acontece com o corpo humano quando é atingido por flechas, espadas, escudos, machados...

A parede de escudos se choca com o skjladborg e parece que estamos no meio de tudo!
"Eu podia sentir o cheiro de sangue e merda. Esses são os cheiros da batalha."  

A narrativa do Cavaleiro da Morte serve como uma ponte para o próximo livro. E Cornwell sabe disso. Por isso, ele tentar nos dar encerramento para a história desse segundo volume, ao matar dois personagens importantes, amigos de Uhtred. 

E são mortes horríveis, que apesar de os personagens terem sido criados para serem ceifados e dar mais peso à trama, eu senti terrivelmente a perda de um dos personagens.

Parece, afinal de contas, que a "fórmula" funciona, e O Cavaleiro não deixa de ser uma boa leitura. Mesmo que eu já conheça a fórmula de cor e salteado.

NOTA FINAL: 10

Recomendadíssimo.

O livro está disponível em qualquer biblioteca, ou livraria!

Cheers!

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Respondendo à tag

Bem vindos ao blogue!

Respondendo pela primeira vez a uma tag.

Olha, eu sei que normalmente alguém deveria ser indicado para responder uma tag literária. Mas como eu sou forever alone na blogosfera, eu mesmo me convidei para responder a tag.




1 - A capa mais bonita da sua estante.

Bernard Cornwell, autor britânico de ficções históricas recebe ótimo tratamento no Brasil pela editora Record, então as capas sempre são bonitas.

A capa de Azincourt é bem legal.


2 - Se pudesse trazer um personagem da ficção para a realidade, qual seria?

Daenerys, para ela levar os dragões ao Planalto Central, lá em Brasília

"DRACARYS."

Aliás, Daenarys não queimaria os prédios desenhados por Oscar Niemeyer, queimaria só os políticos mesmo.

Posso até ver: depois de Bolsonaro, Aécio, Dilma, etc. queimar ao vivo na rede bobo, todo brasileiro chamando Dany de Mhysa.

3 - Se pudesse entrevistar um autor(a), qual seria?

Sir Terry Pratchett. Por quê?

Eis o porquê:


4 - Um livro que você não leria de novo? Por quê?

Quero postar mais de um. Isso é a trapacear?

Os Portões do Inferno (André Gordirro)
Sr. Segunda-Feira - As Chaves do Reino volume um (Garth Nix)
O Presidente Negro (Monteiro Lobato)

Não leria de novo. Aliás, se pudesse desler, desleria.

5 - Uma história confusa?

Aí vai a resposta e uma história triste:

A Torre Negra (Stephen King) tem uma história meio confusa. Mas talvez seja porque a série de livros é bem longa:

O Pistoleiro
A Escolha dos Três
As Terras Devastadas
Mago e Vidro
Lobos de Calla
A Canção de Susannah
A Torre Negra 

É um calhamaço assim de páginas ó *abrindo os braços que nem o Cristo Redentor*.

E depois de tantas páginas, fica difícil para o leitor dar conta de tantos personagens, microcosmos, mundos paralelos e eixos temáticos.

Outro motivo são as traduções da Editora Objetiva, que estão entre as piores que já tive o desprazer de ler. Cada livro da série tem um tradutor diferente (!!!). Então de um livro para o outro, alguns termos são traduzidos de outra maneira. 

E pra quem pensa que traduzir é só copiar o original e passar pro português, tá muito enganado. Cada tradutor tem seu estilo.

E o resultado...

 Cada livro separadamente, não tem coesão ou coerência -- o texto de cada livro foi massacrado.

Pra você ter uma noção, o texto é bem menos confuso em inglês, que não é meu primeiro idioma. 

E mesmo assim eu gostei de ler a Torre.

6 - Um casal?

Derfel e Ceinwyn.

Eles são personagens do livro As Crônicas de Artur, de Bernard Cornwell. Esse casal é muito amor. Derfel faria qualquer coisa por Ceinwyn.

No livro em que há casais famosos como Tristão & Isolda e Artur & Guinevere, o casal que se destaca é Derfel e Ceinwyn.

É uma das parejas que poderia fazer um Facebook de casal e eu não iria revirar os olhos.

7 - Dois vilões (pode ser tanto 2 vilões que goste, como não goste).

Como assim "que goste, como não goste?". Se vale a pena mencionar, é porque o vilão é bom. Ou pelo menos aquele que "amamos odiar" (não confundir com anti-herói)

Anyway.

Gosto da Cersei Lannister.


Ela sabe que é odiada. E ela adora isso.
8 - Um personagem que você mataria (ou tiraria do livro).

Ah...

Drácula de Bram Stoker. Um livro tão bom, com tanto filler.

Se eu quisesse filler assistiria Bleach.

Nesse livro há alguns personagens bem desnecessários. Por mim. pode ceifar todos os pretendentes de Lucy Westenra: John Seward, Quincey Morris e Arthur Holmwood.

Batalhei para não abandonar Drácula nos capítulos em que esses caras narravam a história.

Mas os capítulos do Van Helsing e da Mina Harker valem a pena.

Vamos à próxima pergunta!

9 - Se pudesse viver em um livro, qual seria?

Percy Jackson e os Olimpianos. Principalmente se eu fosse filho de Atena ou Ares. Poderia ser de Poisedôn se eu não estivesse em nenhuma profecia. Não preciso de todo aquele drama.

10 - Qual o maior e menor livro da sua estante?

Pergunta meio aleatória, mas beleza, é uma tag. Acho que é Vidas Secas. Mas esse livro diz mais que muitas "sagas" de mil páginas.

Finalizando, convido Andrea Morais, se lhe apetece, a responder a tag!

(O blogue dela é o Olhos Castanhos).

Obrigado pela preferência e volte sempre!