sábado, 5 de novembro de 2016

Star Wars - O Despertar da Nostalgia

Testemunhe, o glorioso retorno de Star Wars. Mas será que o novo filme depende muito do legado da trilogia original?
Análise do filme:

Star Wars - Despertar da Força



            
Há muito tempo atrás, numa década muito, muito distante...

Um filme fez história.

Mais de 30 anos depois, criou-se enorme expectativa para o glorioso retorno de Star Wars.

Com a recepção ruim que a nova trilogia teve, o filme dirigido por J. J. Abrams surpreendentemente atendeu às expectativas dos fãs mais xiitas. 

Razão de seu êxito? 

Ele não fez apostas; usou os elementos que sabia comprovadamente que funcionariam. 

Eles sabiam o que nós queríamos ver.

A caixa de som explode com o maravilhoso tema de John Williams direto de 1983, o tapetão com as letras amarelas sobe pela tela e somos crianças de novo.  O mercado da nostalgia é muito lucrativo. E  Abrams quer agradar os fãs e seus suseranos da Disney. Para isso, com o fim de reproduzir a mágica dos filmes originais, pega emprestado muitos elementos de Star Wars: episódio IV: Uma Nova Esperança (1989).

Não fiquei no cinema para assistir aos créditos, mas muito provavelmente estavam creditados ali a equipe do "Departamento de nostalgia".

Por depender tanto da trilogia original, Despertar é largamente acusado de não ser uma continuação, mas um remake.

As naves voando no espaço. Um ataque a um vilarejo e um robô-mascote (logo logo, nas melhores lojas de brinquedos) com informações importantes vagando no deserto. Tudo é muito familiar.

Em seguida, a câmera muda de núcleo narrativo para nos apresentar a nova protagonista: uma sucateira chamada Rey (Daisy Ridley). Suas vestes parecem as do protagonista anterior, Luke Skywalker, que também morava num planeta isolado até se envolver com os os rebeldes e o resto é história. 

As semelhanças não param por aí: nos dois filmes alguém é capturado, levando a uma missão de resgate, na qual a figura mentora do protagonista morre (mesmo assim os heróis logram em destruir a arma apocalíptica do antagonista. 

Enfim, há muitos ecos da trama de Esperança em Despertar...

Mas o que é entendido como uma repetição, também pode ser interpretado como proposital: ecos temáticos são outra característica clássica da saga, afinal Star Wars antes de ser sci-fi, é primordialmente uma história arturiana, uma história do bem contra o mal. 

E o destino nessas histórias é tudo. 

Talvez possamos encarar essas histórias que se repetem como a natureza cíclica da Força. Em qualquer outra opera espacial, numa galáxia muito, muito distante, esses tropos se repetem: um herói corruptível, que talvez tenha redenção. Pais obrigados a abandonar os filhos. O mestre traído. O herói que sofre mutilação do corpo, sua provação física e mental (cuidado Rey, para não perder a mão no episódio VIII!!!).

Pode ser um eco temático, mas é também uma piscadela para os fãs. O filme usa isso a seu favor quando os personagens principais "fãs" de Han Solo, Luke e Leia. O Despertar é um filme sobre legado e os novos personagens são o meio pelo qual a nova trilogia* da franquia começa a caminhar com as próprias pernas.

*Eu digo "nova trilogia", mas aposto 10 batatas rechadas que será uma trilogia de quatro filmes, seguindo a tendência Harry Potter de O Último Filme da Saga, Parte I e II, para maximizar a renda com bilheteria.

Parte VII, felizmente, com todos os retornos aos  episódios anteriores, traz um elenco novo competente com personagens carismáticos e diálogo ágil. Os novos personagens são a força motriz da narrativa, e a tripulação original da Millenium Falcon está lá apenas para passar a tocha para o pessoal novo: Dameron Poe, o melhor piloto da aliança e um stormtrooper vira-casaca chamado Finn. 

E então temos Rey. O protagonismo feminino não é novidade do episódio VII, pois Star Wars tem um histórico sólido de mulheres que fogem dos tropos de "dama em perigo". Leia, por exemplo, é uma princesa, mas nunca precisou de resgate, sabendo usar muito bem armas de laser e nunca se acovardou diante de inimigo nenhum, assim como sua filha Padmé, que conquistou de volta seu palácio numa manobra militar da qual participou nas linhas de frente. 

A jornada do herói recomeça, dessa vez com Rey.
No entanto, Rey, diferente das deuteragonistas anteriores (Leia e Padmé), não está à margem do protagonista principal (Luke e Anakin) e não é apenas uma versão feminina dos protagonistas de Luke ou Anakin. Idos estão os dias do biquini de metal de Leia e o top curtinho de Padmé. A nova protagonista usa suas roupas pela praticidade. Ela não precisa de resgate (Finn tentou, mas chegou tarde)  e é um deleite testemunhar o despertar da força em Rey. Nos próximos filmes, teremos o inevitável romance, mas quem será chamado de "interesse romântico" não será ela, e sim (presumivelmente) Finn. 


Stop trying to make Poe + Fin happen. It's not gonna happen!
Rey é a protagonista feminina durona que funciona, e acho que sei o motivo: Abrams se envolveu brevemente com Legend of Korra, seriado animado assumidamente feminista, por isso, talvez não seja conhecidência que há muito de Korra em Rey.

Concluindo, acho que é muito lógico: para reacender a magia de Star Wars valeram-se do legado deixado por George Lucas, mas a base sólida estabelecida em Despertar oportuniza à equipe da nova trilogia, nos próximos episódios, contar novas histórias daquela galáxia muito, muito distante.

Nota final: 10 batatas!

Obrigado por ler.

Que a força esteja com você!

Até a próxima.

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