segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Jogos Vorazes - Best Sellers podem ser bons livros

Preconceito literário não tá com nada. Eu descobri isso quando li Jogos Vorazes, o primeiro volume da trilogia distópica de Suzanne Collins.

Como Jogos Vorazes conseguiu quebrar esse preconceito literário que eu tinha?

Descubra na análise do livro:

Jogos Vorazes
Ficha Técnica:
Ano: 2010 / Páginas: 400
Idioma: português 
Editora: Rocco

Com a ascensão comercial dos livros da série Jogos Vorazes, meu preconceito literário com a série só aumentava, pois eu a associava com Crepúsculo - o livro mais odiado da década passada - por conta de comentários que via sobre a narrativa de Suzanne Collins: comentários de garotas que estavam investidas no triângulo amoroso ou de caras reclamando que faltava violência no livro. Eu como amante da violência gratuita, decidi que odiava a série, assim como odeio a "Saga" Crepúsculo. Mas o mundo dá voltas, e quando eu decidi dar uma chance de verdade para Jogos Vorazes (por causa da Jennifer Lawrence) descobri, para minha surpresa, que o filme é uma distopia audaciosa e competente.

Descobri que o tal evento homônimo do titulo, os Jogos Vorazes, embora pareça muito com Battle Royale,  é apenas uma camada da distopia complexa criada por Collins. Os Jogos Vorazes tem muito mais gravidade, uma conotação muito mais perversa que a premissa Battle Royale. Os Jogos são um instrumento de opressão cínico, que consiste numa "colheita" anual, em que 24 crianças são "Ceifadas" de cada um dos 12 distritos, as regiões pobres do país que um dia foi chamado de Estados Unidos. São escolhidas aleatoriamente, só que o termo "ceifadas" é muito apropriado, pois uma vez sorteados, eles devem lutar até a morte. O último que resta vivo é poupado e recebe honrarias e prêmios para si e seu distrito. Só que a pior parte disso tudo são os espectadores desses Jogos. Como a boa distopia que a série de livros provou ser, os cidadãos de Panem são poupados dos jogos e são os telespectadores do grande evento: os Jogos Vorazes, uma espécie de mistura de reality show, Battle Royale, arenas da roma antiga e olimpíadas.


O antagonista de Jogos Vorazes não são os tributos que caçam Katniss, mas sim a sociedade de Paneem.

Jogos Vorazes assemelha-se nesse aspecto, a um filme de terror; só que ao invés de um Freddy Krueger, o "monstro" é a sociedade de Paneem. Descobri então, que o livro é rico em ironia, crítica social e cheio de motes temáticos. Os Jogos, por exemplo, funcionam como uma metalinguagem tão perfeita que é assustador: euesperava que o livro, no fim das contas, me surpreendesse com violência entre menores de idade. Eu comecei o livro querendo violência, veja só a ironia. E o romance também não é o que parece. Collins parece usar o triângulo amoroso da mesma forma que usaram o "cavalo de troia", convidando leitoras incautas com o triângulo amoroso, e quando percebem, na verdade estão lendo uma história de violência física e psicológica de uma ditadura contra jovens numa distopia moralmente distorcida. O tal do triângulo amoroso, na verdade, serve para a autora, como uma força motriz para desencadear uma série de eventos que tornarão a protagonista o centro de uma série de complicações nos livros seguintes. Também serve aos protagonistas, como uma ferramenta para sobreviver, pois ao agradar o público com um romance inventado, eles melhoram suas chances nos Jogos. Outros tributos, por exemplo, para ganhar vantagens, proporcionam entretenimento ao telespectador fazendo um "espetáculo" ao matar outros jogadores, garantindo assim, o patrocínio dos telespectadores. No caso dos protagonistas, sua armas para ganhar suprimentos é a relação inventada (não tão inventada por uma das partes). Afinal, é tudo que queremos, não é? Romance e violência. 

Não somos tão diferentes dos cidadãos de Paneem...

Nota:


Quem te viu, quem te vê! No fim das contas escrevi uma postagem recomendando o livro, se é que você já não leu!

Por hoje é só pessoal!

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