sábado, 31 de dezembro de 2016

Decepção: "João & Maria" por Neil Gaiman

João e Maria
ISBN-13: 9788580577761
ISBN-10: 8580577764
Ano: 2015 / Páginas: 56
Idioma: português 
Editora: Intrínseca

Se meu leitor buscar resenhas anteriormente publicadas, perceberá que dou notas dez com bastante frequência. Não é por que eu sou generoso, mas por que eu escrevo muito mais fácil sobre coisas que eu gosto. 

E eu gosto de Neil Gaiman. Ele é um dos meus autores favoritos!

Justamente por gostar da sua bibliografia, me decepcionei com essa investida do autor no conto coletado pelos irmãos Grimm. Seguindo a tendência atual de resgatar contos clássicos e torná-los mais sombrios, o livro reconta João & Maria, a história dos irmãos  que levam a melhor contra seus pais e contra a bruxa valendo-se de sua astúcia.


João & Maria da da Editora Intrínseca. Não julgue um livro pela capa, nem que ela seja uma capa bonita.

Gaiman tem um histórico de revitalizar contos clássicos com seu toque urbano-mitológico, onírico-gótico conferindo aos contos de tradição oral uma identidade gaiminiana. 



Era uma vez, numa terra assolada pela guerra...



Parece que os tijolos para a fundação ali: amor fraternal, abandono, a bruxa ermitã, antropofagia, etc. Mas parece que não há tempo de erguer a história em cima dessa fundação. É um livro demasiadamente curto, contando 56 páginas entre história, ilustrações e trivia. 


As ilustrações de Lorenzo Mattotti não me inspiraram nada. Não são feias nem bonitas. No entanto, não posso deixar de reconhecer seus devidos méritos: é uma edição muito bonita! É um ótimo presente. Recomendado para quem tem preguiça de ler ou para blogueiras que postam fotos de macarons, petit gâteau e Amélie Poulain.

Minha opinião - obviamente - não representa a voz da maioria. Para cada resenha negativa, há dez resenhas positivas, que nem essa do livroterapia. No entanto, no goodreads e no skoob, as notas já oscilam abaixo de quatro. Infelizmente, João & Maria contado por Neil Gaiman desaponta pelo conteúdo apesar de ostentar uma edição bonita. 

Nota final: 2 batatas

Comprando pela amazon você ajuda o blog!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Um novo olhar sobre o mundo - resenha de Baraka (1993)

Ficha Técnica
Baraka – Um Mundo Além das Palavras (1993)
Diretor: Richard E. Robbins
Gênero: "Documentário-musical"
Duração: 1 hr. 36 min.
Elenco: O mundo inteiro


Diga o que quiser sobre Baraka, mas é um filme singular que elude as definições de gênero. 

Sempre me imagino tentando explicar o que é esse filme e porque me marcou tanto... 


Parece um documentário quando mostra desigualdade social, mas Baraka tem pretensões de uma reflexão vaga espiritual-artística que fala ao espectador de qualquer lugar ou de qualquer crença. 

É livre de narrativa e diálogo, mas nunca vazio de emoção ou significado.

Meu aspecto favorito do filme é justamente, sua linguagem: imagens exóticas ou mundanas, de natureza ou de grandes centros urbanos, que revelam nuances de lugares em todos os cantos da Terra. 

É verdade que em 2015, graças à internet, estejamos saturados de imagens de muitos dos lugares mostrados no filme, e por isso essas imagens talvez não tivessem o mesmo impacto não fosse pela engenhosidade dos ângulos, pelas sequências com câmera acelerada, pela justaposição de imagens, etc. 

As imagens são pontuadas por uma trilha sonora maravilhosa, em que o diretor usa a a música de Phillip Glass, compositor estadunidense, para costurar as imagens numa temática, de maneira que a cadência dessas música serve para pontuar as imagens como o mote de um poema junto com a linguagem visual e antíteses, progressão de temas de modo que o filme, sem usar nenhuma palavra fala mais que a maioria dos filmes contemporâneosPor isso acho a "tradução" brasileira do filme muito apropriada: um mundo além de palavras.  


mais de uma maneira de interpretar Baraka. Uma delas é seu apelo artístico que torna incríveis imagens mundanas, me proporcionando refletir sobre meu lugar no mundo, sobre minha visão pequena de mundo diante de tamanha diversidade natural e cultural. 

Vivo numa bolha e nunca explorei o mundo.

Se você gostou de Baraka, recomendo ver os outros filmes: a trilogia Qatsi que inspirou esse filme, e Samsara, a contInuação espiritual de Baraka.

Importante: não deixe de assistir o filme em HD na maior TV que você tiver!

Download gratuito disponível no Piratebay aqui.

Nota final: 9,0

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

American Dad - menos popular que Family Guy, mesmo sendo muito mais engraçado.

Resenha do sitcom animado: American Dad!

Ficha técnica:
Título: American Dad!

Lançamento: 2006 até o presente -
Disponível: TV americana ou no Brasil por torrent


Seth Macfarlane, é o criador, produtor executivo e dublador do The Cleveland Show, American Dad e Family GuyEle é o  rei dos sitcoms animados! 

Embora Family Guy seja o mais famoso, o melhor e o mais engraçado dentre os três é sem sombra de dúvidas American Dad!. 

Family Guy foi muito popular no Brasil. Mas também pudera: a Globo estava desesperada por um substituto para Os Simpsons. Tentaram emplacar "Uma Família da Pesada" de tudo que é jeito na TV aberta. E eu não to nem brincando, chegaram a passar o seriado na TV Globinho às 11:30 da manhã, sendo que é uma comédia extremamente adulta, cheia de palavrões, nudez e violência. 

Vamos aos motivos para você assistir American Dad! 

Enquanto Family Guy abusa de referências a filmes antigos, paródia  e humor negro, American Dad tem um humor muito mais elegante, valendo-se de humor surreal e non-sense.

American Dad é a série superior, com episódios mais estruturados, em que criam um universo onde a audiência veja um nazista morto encorporado num peixe dourado ou um alienígena vivendo no sótão e ache perfeitamente normal. Nessa atmosfera, as situações absurdas e mundanas ao mesmo tempo,  são hilárias. 

Agora, fale o que quiser do Seth Mcfarlane. Talvez a maioria de seus shows sejam ruins, ou você pode não concordar com seus posicionamentos políticos, mas o cara é um dos dubladores mais talentosos vivos hoje. Os personagens que ele dubla em American Dad são Stan, o "pai americano", e Roger, o alienígena. Os dois personagens são os mais engraçados da série, e muito disso se deve ao seu trabalho de voz.  Roger, que é meu personagem favorito, é completamente absurdo. Ele é crasso, depravado, descarado e não dá a mínima para as regras de bom convívio. Ele tem um monte de disfarces e Macfarlane dá uma voz diferente para cada um dos alter egos de Roger. Uma hora ele é uma secretária gostosa, na  outra é um ator pornô macho alfa.

Alguns alter egos do Roger:

Tearjerker
Sidney Huffman
Jeannie Gold
Martin Sugar
Chex LeMeneux
Jenny Fromdabloc
Ricky Spanish
Max Jets
Genevieve Vavance

E claro, o Cilantro:


♫ El perro, el perro es mi corazon, el gato, el gato, el gato no es bueno ♫

Enquanto Family Guy era demasiadamente político, American Dad aprendeu a dosar isso. Há algumas cenas em que Stan, super conservador, tem conflitos com sua filha liberal. Mas no meio do episódio as coisas tomam um rumo completamente absurdo, e o humor sempre tem prioridade sobre o que a série quer declarar politicamente. A série está aí até hoje, e ainda atinge auges criativos. Infelizmente, é meio difícil encontrar o seriado no Brasil. Ele é exibido no FX, e há download gratuito por meio de torrent no Pirate Bay ou no Kick ass torrents.

Nota final: 10!!!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Você já viu um otaku adulto?

Lucas desu

Yoroshiku onegaishimasu ^^"


Essa postagem é sobre anime e a cultura que veio com o anime. 

Anime não é apenas um gênero de animação, mas já é uma subcultura estabelecida no ocidente abraçada por uma "tribo", como diria o Evaristo no Jornal Hoje, que são os fãs dos animes e da cultura japonesa - são os autoproclamados "otaku", termo cujo real significado é pejorativo, fato desconhecido pelos otaku, o que é emblemático do que há de pior nessa subcultura aqui no Brasil.


A cultura otaku desconhece senso crítico, bom senso e todo o resto. Afinal, a tribo consiste unicamente de adolescentes, que descobrem como usar a internet e como assistir animes online.

Eles também levam a sério tudo que falam os comentaristas de Youtube e jogam League of Legends. 

E vamos combinar, adolescentes é das criaturas mais estranha desse mundo de kami-sama. 

Mas em frente! Antes que eu transpareça mais ainda o tiozão recalcado que eu sou.

Claro, a pergunta central.:

Você já viu um otaku adulto?

Pois eu nunca vi. O cara pode ser adulto e curtir animes, mas não é mesma coisa. Um otaku (ou otome para garotas), tem características muito próprias da adolescência. A obsessão é uma delas.

Tudo em exagero é ruim, e o otaku pode ser uma criatura fanática cega à qualquer cultura senão a japonesa. 

A porra do país perfeito.

Esse gif é mais perturbador do que deveria ser.
A cultura japonesa é interessantíssima, vou conceder essa aos otaku.

Mas fala sério, será que existe estrangeiro que é fã da cultura brasileira como os otaku são fãs da cultura japonesa? Imagina os caras baixando Domingão do Faustão, passeando pelas ruas do país deles com camiseta do Sorriso Maroto, fazendo cosplay de novela da Globo, dizendo que preferia ter nascido no Brasil.

Um problema da obsessão pela cultura japonesa, é o fato deles conhecerem a cultura, mas não entenderem realmente o que representa tal herança cultural.

Aliás, uma coisa que nunca me entrou na cabeça: o otaku tão fascinado pela cultura japonesa, mas só exporta animes. Nunca sequer ouviu falar nos filmes de Akira Kurosawa, por exemplo. O maior cineasta que já existiu não é nada perto de "One Punch Man" e "Shingeki no Kyojin".


Toshiro Mifune te despreza.
E pior ainda:

Um dos maiores paradoxos que existem no planeta terra: otaku que nunca viu filme da Ghibli!

Mas o Totoro eles adoram. Apesar de nem saber o que é.

¬¬''
Não há mal nenhum claro, em curtir a diversão descompromissada dos animes comerciais. Mas é uma questão de maturidade também: conforme a "fase otaku" passa, ele continua assistindo animes, mas talvez seja mais seletivo. 

Um dos problemas do otaku xiita, é que eles se limitam ao mundo otaku: Se eles leem um livro, é um livro duma narrativa que já conhecem em animê. 

Se assistem um filme, é um "OVA", que nada mais é que um animê com mais de 20 minutos. 

Sua única viagem dos sonhos é visitar o Japão (ou morar lá). Para eles, o melhor país do mundo em todos os aspectos é o Japão.

Eles aprendem palavras aleatórias e misturam português com japonês porque sim, mas realmente aprender a língua que é bom, nada.

Eles podem ser imaturos e alienados.

Mas quando o otaku cresce, o que fica dos animes?

I - Ele desenvolve senso crítico e percebe que os fillers e as produções ruins são a praga do anime:
Esse é um aspecto negativo que um otaku xiita pode concordar comigo. Naruto, Bleach, e Dragonball são séries que sofrem desse mal. 
(Fillers são episódios que não acrescentam nada à narrativa principal e só serve  para prolongar a trama e fazer mais dinheiro)

II - E também percebe que Evangelion é ruim.

A narrativa desse anime é enigmática; nada é mastigado para o espectador. E isso não é necessariamente ruim, mas por vezes, parece que é objetivavam o mistério pelo mistério em si. Uma crítica negativa que seriados como Lost (sim, o seriado do pessoal perdido na ilha) recebe com frequência. Por que Evangelion escapa barato dessa crítica? Se me perguntarem, Lost é a narrativa superior, com um elenco de personagens muito mais interessante, enquanto em Evangelion é impossível se relacionar com personagens tão fodidos psicologicamente. 

É um desenho interessante e singular, e não é necessariamente ruim, apenas superestimado.  Mas eu realmente acho que ele não representa o potencial dos animes. Se eu tivesse que indicar um animê para alguém que nunca viu nenhum, eu jamais indicaria Evangelion.

III - Ele percebe isso com outros  animes. Pokémon por exemplo: o otaku olha para trás e percebe que Pokémon é uma bosta.

Não, fala sério.

É uma bosta!

É uma das animações mais populares, mas popularidade nem sempre quer dizer qualidade, não é? Aliás, popular não é o termo certo aqui. Pokémon foi uma febre. 

E essa febre não durou pouco tempo. 

Pokémon ainda vive no imaginário de muita gente, mas não passa de uma nostalgia. Experimente ver de novo um episódio: não tem como não perceber a péssima qualidade da animação. Não dá pra dizer que é um anime superestimado, porque as crianças da época o estimaram tanto quanto queriam, afinal, criança gosta de qualquer coisa colorida, descolada e arquetípica de crianças em grandes aventuras com poderes e criaturas fantásticas. Mas se o otaku adulto olha para o desenho sem os óculos da nostalgia vê Pokémon pela diarreia colorida que realmente é.

E o que fica depois da "fase ruim"? Há muitas coisas boas no formato anime, que já deu luz a grandes narrativas.

I - Pois, com Anime o céu é o limite!

Anime é mais barato para produzir, o que pode ser muito útil para gêneros como a ficção científica, que de outra maneira seria muito cara para produzir. Além disso temos os mangás, um formato amigável a produtores independentes.
II -
Suas temáticas

Quando eles abandonam o shonen superficial e o anime de garotinhas com poder para fazer uma narrativa mais profunda, os temas recorrentes são: honra, amizade, superação podem ser um dos grandes triunfos da animação japonesa.

III - Cowboy Bebop

Yep. Isso é um argumento a favor dos animes: Cowboy Bebop (dispensa apresentações).

Mas para cada Cowboy Bebop, há trocentos animes de merda como Boku Dale Ga Inai Machi, Puella Magika Madoka, etc.

IV - A arte

Nas produções que são feitas com mais capricho, a animação é um show a parte. Infelizmente, animações ocidentais como Avatar, The Last Airbender e The Legend of Korra inspiradas em anime superaram quase todos os animes até então. A criatura superou o mestre em seu próprio campo. Avatar tem narrativa muito mais interessante e a animação é muito mais fluída que qualquer anime japonês.

Onde está seu Kami-Sama agora?

Agora que sou adulto, sou 99% sem graça.

Mas, apesar das críticas, sou aquele 1% otaku desu.

Não deixe de comentar! Pode dar rage a vontade, querido otaku.

Não tem nem captcha, é muito fácil! 

Ja mata! Sayonara!

domingo, 18 de dezembro de 2016

Chrono Trigger envelhece como vinho!

  Do mesmo jeito que Cidadão Kane e Star Wars e Sete Samurais são filmes clássicos que mudaram para sempre o cinema, Chrono Trigger fez o mesmo para a indústria dos vídeo games, criando muitas das convenções dos RPG atuais.

  Chrono Trigger é um jogo que permanece relevante pela força da nostalgia e de seu legado ou pelos seus méritos de um grande jogo, que depois de 20 anos envelheceu muito bem?

Análise do jogo:

Chrono Trigger
Ficha técnica:Genêro: RPG, JRPG
Desenvolvedor: SquareSoft

Data de lançamento: 1995


     Chrono Trigger nunca virou uma franquia como aconteceu com seus irmãos Dragon Quest, e Final Fantasy. E mesmo sendo um jogo muito popular, seus fãs não pedem um remake. Isso é evidência de que o jogo envelheceu bem, ao contrário de Final Fantasy VII, que sofreu por ter sido desenvolvido no começo da geração do PSone.
Chrono Trigger é um jogo muito competente, e para a época foi uma super produção. O Sistema de batalha é por turnos, mas é dinâmico: As batalhas não são estáticas e as habilidades que usam mais de um personagem também enriquecem o sistema de batalha.


   Não se fala em Chrono Trigger sem falar dos personagens. Seu maior triunfo é seu elenco variado e carismático. Eles são desenhados por Akira Toryama, e seu traço é encantador.

Magus (ele está de costas porque é misterioso)
  O jogador tem que escolher entre três por vez para levar em batalha. Mas acabamos usando todos os personagens. Cada personagem tem seu tema e o jogo tem músicas muito bonitas.

  Histórias de viagem no tempo frequentemente são confusas e cheias de furos no roteiro, mas Chrono Trigger quebra essa tendência a medida em que incorpora as viagens no tempo com o desenvolvimento de seus personagens e nunca foge de seu eixo principal: uma batalha através do tempo contra o grande inimigo, Lavos. Mas essa é uma simplificação injusta - o jogador decide onde ir, ou melhor dizendo; o quando quer ir.

  Há muitas aventuras, em cenários diversos e épocas diversas, mas nada é filler, pois sempre oferece um vislumbre numa nuance dos personagens.

  Infelizmente, o jogo foi relançado para o DS e ainda assim não tivemos uma tradução em português brasileiro. A Nintendo não dá duas fodas para os jogadores brasileiros. A versão para Super Nintendo também está disponível no Wii Virtual Console, a loja virtual do Nintendo Wii.

  É um jogo imperdível, e dúvido muito que alguém que tenha parado nessa página nunca tenha jogado Chrono Trigger. Recomendo para quem gosta de JRPG e quem gosta de grandes jogos.

Nota: 
Obrigado por ler!

Até a próxima.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Estudo de personagem: Sansa Stark

Os mitos são as pedras que fundamentam a construção de narrativas contemporâneas: tudo que acontece nos mitos, muitas vezes se repete até mesmo de forma inconsciente. 

O autor de as Crônicas de Fogo e Gelo, valendo-se do escopo épico do livro, brinca com os mitos. Por exemplo: com os gigantes de gelo que anunciam o fim do mundo em gelo e morte, G. R. R. Martin parece pegar emprestado bastante coisa da mitologia nórdica. No caso de Sansa Stark, uma das jogadoras mais subestimada na Guerra dos Tronos, o autor pega emprestado do mito de Perséfone. Os tropos do mito de Perséfone predominam nas desaventuras de Sansa!
Para quem não conhece: 


O  mito de Perséfone, conta a história de Koré (mais conhecida como Perséfone), e começa quando a menina floresce tornando-se uma jovem que encanta a todos os deuses com sua beleza. Um desses deuses foi Hades, que ardilosamente (em conspiração com Zeus) sequestra Perséfone e a leva ao submundo. Demetér, sua mãe, fica absolutamente furiosa e não poupa esforços para recuperar sua filha causando destruição por onde passava. Desse ponto em diante, as versões do mito diferem. Em algumas versões, Koré assume a alcunha de Perséfone, rainha do submundo. Em outras versões, é um mito de estupro, e Perséfone vive infeliz em companhia do rei do inferno e volta à superfície uma vez por ano durante seis meses, sendo obrigada a voltar por ter provado o fruto de romã, que a prende no inferno. Surge daí a explicação para o ciclo das estações: quando Demetér e Perséfone estão juntas, a terra recebe um verão generoso. Quando ela desce ao submundo, a tristeza de Demetér causa o inverno sob toda a terra.

Vejamos então alguns dos paralelos entre Sansa e Perséfone.

No mito de Perséfone, acontecem algumas coisas que se repetem em narrativas modernas e em nossas vidas (mesmo que de forma inconsciente, o autor pode escrever sobre esses tropos):

O tropo mais clichê: "A história de crescimento"
As histórias de crescimento estão em alta hoje em dia, com Harry Potter, Percy Jackson, Katniss Everdeen, Frodo Bolseiro, dentre outros. Acompanhamos esses heróis durante o seu crescimento até chegarem à fase adulta ou à superação de algum problema.

No caso da presente estudo de personagem, acompanhamos o crescimento de uma menina (Koré), para mulher (Perséfone), ou no caso de Fogo e Gelo, temos a Sansa, que no começo das crônicas é uma jovem ingênua.

O tropo da "Mãe sábia"
No mito de Perséfone, além da representação da menina (com Koré) e da mulher (com Perséfone), temos também a representação da mulher mais velha, com  Demetér. Nos livros de G. R. R. Martin, temos Catelyn, que se encaixa em muitos aspectos do tropo da "mãe sábia", que aconselha, protege a filha, etc.
Koré e sua mãe sábia.

O tropo do "Fruto Proibido"

Esse tropo vem da bíblia, se repete no mito de Perséfone e aparece bastante em narrativas modernas.

"A volta dos mortos"

No caso do livro, quem volta dos mortos é a Senhora Coração de Pedra, mas Sansa também sofre uma morte simbólica.

E os paralelos não param por aí! Há mais paralelos quando comparamos a história das da jovem Stark e da deusa da mitologia grega:

Demetér causa destruição na terra para recuperar sua filha. Catelyn Tully da mesma forma, começa uma guerra.

Hades é o deus do submundo e do ouro. Há paralelos entre Hades e Lorde Baelish, que é o tesoureiro do rei e conspirou para trazer Sansa a Porto Real.

Sansa vem de Winterfell, onde vivia feliz com sua mãe. (Inverno)

No entanto, ela sonhava com os príncipes e os heróis das canções... até que Lorde Baelish conspira para leva-la a Porto Real (Verão).

Para se adequar ela abandonou sua herança cultural para abraçar os costumes da corte. Mas no verão, encontrou seu inferno.

E assim como na mitologia grega, em Fogo e Gelo os deuses  também são cruéis. No caso, os deuses são a nobreza de Porto Real, que atormenta Sansa ou são testemunhas coniventes do sofrimento da jovem Stark.

Assim como Koré no mito, Sansa está fadadas ao casamento indesejável (Joffrey, Tyrion e finalmente, Lorde Baelish).

No mito acompanhamos a morte simbólica de Koré. No caso do livro, a morte simbólica de Sansa acontece conforme ela perde sua identidade: esse processo começa no primeiro livro, quando ela é a única irmã a perder sua loba-selvagem, destacando-as dos seus irmãos, perdendo assim, sua identidade nortenha. Em seguida, passou a viver no verão quente, na corte de Porto Real, assim como tanto sonhava. Como bem sabemos, as coisas não deram certo para ela e foi forçada a abandonar mais ainda suas raízes nortenhas. No final dessa jornada, Sansa Stark abandona completamente sua identidade e vira Alayne Stone, e volta ao inverno, no Ninho da Águia.

O autor chega a brincar com o mito quando Lorde Baelish chega a oferecer um fruto de romã para Sansa, mas ela nega e escolhe uma pera. Ela fez uma escolha. O que isso significa para o futuro de Sansa? 

Enquanto o inverno é a prisão de Perséfone e o verão/primavera sua liberdade; Para Sansa parece ser o contrário. 

Sabendo disso, o que podemos esperar para Sansa em Os Ventos do Inverno? 

Acho que podemos nos manter otimistas quanto ao destino de Sansa. O inverno representa para ela, a retomada de sua agência. Ela está de volta ao inverno e abraçou sua relação com "Hades". Mas diferente de Perséfone, Sansa é muito mais perigosa para o Mindinho. Esqueçam o que aconteceu na série, pois a Sansa do livro voltará com tudo. É a hora dos lobos e do inverno. 

O inverno está chegando.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Seriados que recomendo. E que estão no Netflix!!!

Listas é o ópio do leitor impaciente. 

Por isso, aí vai a lista das séries melhores séries que fiquei feliz de ver que estão no acervo do Netflix ou que descobri por lá. 

Ainda mais depois de acontecer comigo a seguinte situação:

"-Você deveria assistir tal seriado/tal filme", no que me respondem: "-Tem no Netflix?"
"-Acho que não...", e eu fico com cara de tacho quando e a pessoa ainda me diz: "-Então não vou ver."

Então toma aí, uma lista de ótimos seriados disponíveis no serviço:

Unbreakable Kimmy Schmidt

Se você está procurando uma comédia, essa é uma boa pedida. Um dos Originais Netflix, Unbreakable Kimmy é um comédia de peixe fora d'agua com aquela menina bonitinha do The Office. Um dos melhores sitcom de 2015!

Recomendado para quem curte sitcoms!

Buffy, a Caça Vampiros

BTVS é um seriado genial. Apesar da primeira temporada não representar muito bem a série, quem insiste até a segunda temporada não se arrepende.

Recomendado se você gosta de quadrinhos, vampiros, lésbicas fofas... olha, quer saber? apenas assista! 

Pode confiar em mim!

Avatar: A Lenda de Aang e A Lenda de Korra

Não confundir com o Avatar de James Cameron ou com a horrorosa versão live-action dirigida por Shyamalan As duas séries tem 113 episódios com de 30 minutos cada.  Os dois desenhos têm personagens carismáticos, animação de primeira qualidade, narrativa sólida e um mundo fascinante.

Leia o artigo que me fez começar a assistir a série: 


Arquivo X

Na primeira temporada de "Arquivo X", cada episódio é uma história de suspense independente; eles não investigam profundamente a contínua mitologia de "Arquivo X". Por isso, foi esse seriado que cunhou o termo "monstro da semana". Falando Esse é um dos seriados mais influentes da TV americana. Ele é tão importante, que numa "faculdade de seriados", uma das matérias essenciais seria "Introdução ao Arquivo X". Nos episódios de "monstro da semana", contavam histórias independentes do resto da temporada: histórias do oculto e de fanatismo religioso. Histórias de monstros das lendas urbanas (monstros literais e monstros humanos). Nos episódios "de mitologia" contavam a história que entrelaçava os episódios numa unidade temática e num arco de progressão de personagens. Nesses episódios o principal eixo eram as teorias conspiratórias e alienígenas. É perfeitamente possível assistir apenas aos episódios da mitologia se você não tem tempo para assistir aos 202 episódios, mas há muita coisa boa entre os episódios monstro da semana também!

Recomendado se você gosta de Supernatural, Fringe, Twin Peaks, Lost, The Walking, Grimm, etc.

Assistir Arquivo X, online dublado ou com legendas em português do Brasil não tem preço!

Aliás, tem sim. É 20 pilas mensais pelo Netflix. Mas isso é muito barato! Muito melhor que download por torrent.

Black Mirror

Essa eu só conheci graças ao Netflix. Criada pelo jornalista e roteirista Charlie Brooker, "Black Mirror" é uma série inglesa exibida no Channel 4 e cada episódio uma história independente. Todos os episódios trazem como tema as potencialidades sombrias de tecnologias já existentes - como biochips, reality shows e mídias sociais.



Recomendado para quem curte ficção científica ou se interessa pela temática do humano frente às tecnologias.

Spartacus: Blood and Sand

É a velha história do Spartacus, mas há muitos atrativos exclusivos de Blood and Sand, que faz um uso muito competente do formato serializado, construindo ótimos personagens. A produção é de escalas épicas, principalmente para um seriado! Há batalhas em larga escala em Spartacus, da Starz, que bota Game of Thrones no chinelo. 

Aliás, outro atrativo é a putaria.

A bunda do Rodrigo Lombardi e as tetas da Grazi Massafera não é nada perto da putaria nessa série.

Pior é que a putaria não é gratuita, ela tem seu lugar. 

Sério, assista Spartacus e me agradeça depois.

Recomendado se você gosta de violência, nudez, traição, quadrinhos, Lucy Lawless, etc.

É complicado recomendar alguma coisa do Netflix porque talvez ela não esteja mais disponível.

Alguma série que você recomenda? Alguma dessas séries que recomendei já saiu do acervo?

Deixe seu comentário!

Cheers!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Guia de episódios: Buffy The Vampire Slayer

Nunca é tarde para assistir Buffy the Vampire Slayer.

Mais atual do que nunca, e sendo descoberta por muitos seriadores, a história de Buffy abriu caminho para Jessica Jones, The Walking Dead, Supernatural, Teen Wolf, Once Upon a Time...

Essa postagem é para você que não tem tempo de assistir aos 150 episódios. Se esse for o seu caso, assista aos seguintes episódios:

10 - "Prophecy Girl" (1ª temporada, episódio 12)

A primeira temporada da série é um pouco grosseira. O orçamento é pequeno e o resultado disso é visível na telinha. Infelizmente, a primeira temporada não representa muito bem a série e novos espectadores podem se decepcionar com os episódios e desistir antes de chegar na nata, na segunda temporada, quando a qualidade da produção e do roteiro aumenta exponencialmente. Mas o season finale da 1ª temporada já mostra alguns vislumbres do que a série viria a ser.

09 - "Earshot" (3ª temporada, episódio 18)

No começo desse episódio Buffy é contaminada por demônios e ela acorda com a habilidade de ouvir o pensamento das pessoas. O que parece ser uma benção, logo se torna uma maldição no que é um dos episódios mais legais da série e um dos mais equilibrados entre ação, drama e humor. A terceira temporada talvez seja a mais satisfatória para assistir de forma independente. Há episódios maravilhosos nas temporadas seguintes, mas a unidade temática autocontida dessa temporada o permite que o espectador se despeça do seriado sem sentir a necessidade de assistir o resto para saber o que acontece com os personagens. Mas ninguém faz isso, a essas alturas, já estarão viciados e a gangue volta na 4ª temporada com personagens novos chegando e personagens até então considerados vitais despedindo-se para sempre. Bom, pelo menos não morreram. Por que muitos deles ainda vão morrer!

08 - "Something Blue" (4ª temporada, episódio 9)

Nesse episódio, tudo que uma das personagens pensa ou deseja acontece, proporcionando comédia assim como aprofundamento de personagem. No mundo dos viciados em seriados, BTVS é aquela senhora respeitada em algum ramo, que acumula prêmios e reconhecimento. É o seriado tido em alta estima que todo mundo já ouviu falar, mesmo que não tenha assistido. O que poucos sabem é que um dos seus pontos fortes é o seu humor. Something Blue é um dos episódios que funcionam puramente como comédia. 

07 - "Hush" (4ª temporada, episódio 10)

Hush é considerado o episódio mais assustador da série e entra em todas as "listas de melhor episódio". Hush se destaca também por ser um episódio mudo, dando vez para a trilha sonora brilhar. Resumidamente, os antagonistas são "Os Cavaleiros", que chegam a cidade com uma maldição: todos os membros da gangue (e o resto da cidade!) acordam mudos. Não é só uma "premissa interessante", que se destaca por sair do comum, mas por que funciona. A ausência de diálogo permitiu estabelecer um clima portentoso de impotência. Uma ameaça que silencia suas vítimas. E esse é um dos poucos episódios que mostra as consequências das ameaças sobrenaturais para o cidadão comum: com a impossibilidade repentina de comunicar-se, instalou-se o um caos apocalíptico. BTVS sempre encontrou um bom equilíbrio entre episódios com narrativas independentes e uma grande narrativa no plano de fundo que conecta todos episódios conferindo unidade à temporada. Hush é um grande exemplo, aqui temos progressão da história que retoma pontos narrativos anteriores e impulsiona o desenrolar da história e continua sendo um bom episódio independente.



06 - "The Gift" (5ª temporada, episódio 22)

Honrando o histórico da série, temos mais um season finale cheio de ação e tudo está em jogo. 

05 - "Once More With Feeling" (6ª temporada, episódio 07)

Na temporada mais melancólica e sombria do seriado temos um episódio musical. Eles acordam um dia e tudo que eles falam ou fazem vira um musical. O grupo logo decide (cantando) que isso só pode ser obra de um demônio. No começo do episódio os números são alegres e brincam com convenções dos musicais. No entanto, quando eles cantam  as emoções extravasam, e algumas coisas reveladores aparecem nas letras e episódio entra em veredas mais sombrias. 

Em Dançando no Escuro, dirigido por Lars Von Trier, a personagem interpretada por Bjork adora musicais. Ela gosta particularmente da felicidade intrínseca aos musicais. No final dá tudo certo. "Nos musicais, não acontecem desgraças". O amigo dela que tinha uma posição  um pouco mais cínica em relação à vida responde: "Eu não entendo musicais! Por que eles começam a dançar e a cantar assim do nada? Ninguém faz isso na vida real."

Bom, é isso! Espero que se vocês tenham gostado, comentem, inscrevam-se no canal, batize seu filho com o meu nome, postem no grupo do Facebook sobre seriados e me mandem comentem cortesias por correio.

Aliás, Buffy the Vampire Slayer está disponível no Netflix, então você não tem desculpas!