quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Dicas de "como" ler poemas.

Você nunca entendeu o que há de tão legal na poesia?

Esta é a sua postagem!

Você tem dificuldade para ler poemas?

Leia esta postagem!

Querido leitor, pense por um momento: você realmente não gosta de poesia? 

A poesia está mais presente em sua vida do que você pensa! Nas músicas, nos livros, nos filmes, nas paisagens...

Enfim, poesia é vida.

Ou como já disseram antes que eu e muito melhor:


"A poesia é conhecimento, salvação, poder abandono, operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza, exercício espiritual, é um método de libertação interior. A poesia revela este mundo; cria outro."



Admito que o gosto por poemas surgiu tarde na minha vida, mas agora não vivo sem.

Aí vão algumas dicas:



1 - Tente outra vez...


Nem todo poema vai atingir o leitor. Em alguns casos, você não vai sentir a poesia de um poema até que você o leia pela segunda vez ou o leia de novo anos depois, quando você tiver experiências de vida diferente, talvez então, de alguma maneira o poema falará a você. 

2 - Encontre o seu autor preferido. Leia vários autores!

Na mesma nota, você pode gostar muito de um autor e não gostar tanto de outros. Aproveite que poemas são curtos e leia muitos autores. Você pode fazer "amizade" com vários poetas no mesmo dia. Um bom poeta para quem quer começar é Vinicius de Moraes, pois ele é muito popular, muitas dos seus poemas viraram música e sua temática de amor é universal. Mas talvez você seja uma pessoa que se identifique mais com o romantismo refinado de Olavo Bilac ou por fim, te apeteça a engenhosidade de Leminski.




...ou talvez você seja uma pessoa que encontre um irmão espiritual nos poemas melancólicos de Edgar Allan Poe. 


3 - Entenda um pouco os recursos dos poemas



"Odeio poemas [...] A maioria dos poemas que já li é de uma chatice sufocante. Começa pela escolha de palavras: raramente um poeta escolhe palavras simples para escrever poesia" - Desabafo aleatório que pode ser encontrado neste blog.



Saber um pouco sobre o lado teórico da poesia faz com que você olhe para esses textos com novos olhos. Na imagem abaixo, temos um exemplo de metrificação de um verso de Camões. No soneto por exemplo, cada linha do texto tem 10 sílabas e a disposição das rimas também não é por acaso. Isso nada mais é que uma convenção que restringe a liberdade do poeta. Para fechar seus versos em 10 sílabas poéticas e encontrar palavras que façam as rimas, o poeta recorre ao vocabulário inusitado tão à comum poemas. Essa convenção era muito forte no Barroco e no Parnasianismo, por exemplo. No Pós-modernismo, no qual estamos agora, o verso livre é lugar-comum na poesia.



Mas ainda lemos os clássicos, pois suas temáticas são atemporais. E justamente por terem um formato mais tradicional, deve-se ler esses poemas com um respeito ao trabalho que o poeta teve ao conseguir expressar-se dentro dessas formas.

Note que isso não tira o mérito dos poemas modernos e a utilidade de entender a engrenagem que confere alma aos poemas, que são ricos em figuras de linguagem e criatividade.




 






Imagina o o trabalho que deve ser traduzir um soneto? Achar uma palavra equivalente para a tradução de forma que o verso continue tendo 10 sílabas e as rimas nos mesmos versos? 


4 - Versos de Ritmo livre


A pessoa pode dizer que não gosta de poesia, mas ouvir músicas curtindo as letras, que nada mais são do que poesia. Nas músicas encontramos os chamados poemas de ritmo livre. Segundo o gramático Bechara:


O verso de ritmo livre não tem número regular de sílabas, versos e estrofes, nem são uniformes e coincidentes o número e a distribuição das sílabas átonas e tônicas responsáveis pelo movimento rítimico.


O verso de ritmo livre exige do poeta uma realização tão completa quanto o verso regular. À primeira vista parece mais fácil de fazer do que o verso metrificado. Mas é engano. Basta dizer que no verso livre o poeta tem de criar o seu ritmo sem auxílio de fora. É como o sujeito que solto no recesso da floresta deve achar sozinho seu caminho e sem bússola, sem vozes que de longe o orientem, sem os grãozinhos de feijão da história de João e Maria. Sem dúvida não custa nada escrever um trecho de prosa e depois distribuí-lo em linhas irregulares, obedecendo tão somente às pausas do pensamento. Mas isso nunca foi verso livre... O modernismo teve isso de catastrófico: trazendo para a nossa língua o verso livre, deu a todo o mundo a ilusão de que uma série de linhas desiguais é poema.



5 - Leia poemas!



Mas também não estude demais! O importante é ler os poemas! 

Pensando nisso, trouxe ao blogue alguns de meus favoritos. Novamente: nem todo poema vai tocar você! 

No entanto, eu acho que O bicho, de Manuel Bandeira é praticamente didático no que se refere a demonstrar o poder de um poema de evocar sentimento. É curto, é brutal, é cru.



O bicho 

Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem




- Manuel Bandeira



Por hoje é só pessoal.

Mi casa es su casa: poste o seu poema favorito nos comentários!

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