sábado, 7 de janeiro de 2017

Sense8

Título original: Sense8 (2015)
Página da série no Filmow.
Primeira temporada, 10 episódios.



Desde sua abertura, que dá uma volta ao mundo em menos de um minuto, o seriado celebra a diversidade.

Os sets são exuberantes, e justamente por termos oito protagonistas em diferentes lugares do planeta, a série se renova a cada mudança de núcleo narrativo.

Mesmo que tenha boas intenções, às vezes Sense8 cai em alguns estereótipos: 

Sun é uma coreana, mulher de negócios fria – e luta artes marciais! Sério? As ruas de Seoul são esterilizadas e super modernas.

No outro núcleo, temos uma personagem indiana chamada Kala, estudante de medicina que está em dúvidas em relação ao seu casamento e o set mostra apenas a Índia tradicional.


Essa tendência de mostrar apenas a superfície de uma cultura continua com o sensates mexicano Lito, que é um ator e seu núcleo narrativo eleva tudo à máxima potência, como se fosse uma telenovela.

Simplificaram a herança cultural dos personagens, mas abraçam tais estereótipos na linguagem do seriado. 

Quero dizer: cada personagem tem seu “próprio filme”, que representa características de seus países em sua linguagem. 

Por exemplo, na alemanha, o núcleo narrativo do Wolfgang é um filme do gênero Crime característico do país. A história do alemão é caótica, cheia de violência e chega a parecer cenas de outro seriado. Essa estranheza do núcleo de alemão é apropriada à proposta da série, pois só é possível para Wolfgang encontrar paz através do elo psíquico com os sensates.

Por sua vez, Kala parece viver presa em um filme de Bollywood! Diabos, em sua festa de noivado eles  fazem um número musical. Ninguém acredita em seu potencial, vive uma história cercada de  e também encontra um escape nos seus irmãos sensates. Temos outro bom exemplo no núcleo do Lito, quando primeiramente, estabelecem a sátira de novelas mexicanas, para então brincar com o subgênero: ele é um galã tradicional de telenovelas, mas ele não é corajoso tampouco quer a mocinha, mas na verdade quer o... 

( ͡° ͜ʖ ͡°)

Pois é justamente nesses momentos em que abraça os clichês e essas convenções e os executa com engenhosidade e bom humor que Sense8 obtém seus maiores êxitos. É por ser tão leve, que se destaca no cenário atual, em que os seriados mais sérios com orçamentos altíssimos são o sinônimo de qualidade. É por isso que o bom humor de Sense8 é tão bem vindo e revigorante em contraste com esses seriados onde tudo é escuro e violento, que só aborda “temas polêmicos”.

Eu desculpei os clichês nas representações, porque Sense8 tem mais mérito em sua tentativa da celebração da diversidade cultural sincera que em sua falha ao ser superficial, mas não consigo perdoar a falta que é os “filmes” de Wolfgang, Capheus e Sun serem “dublados em inglês”. Poderíamos justificar que todos os núcleos são em inglês por conta do elo entre os sensates, mas aí fica inexplicável os sotaques forçados e as palavras aleatórias em idioma estrangeiro como se isso fosse uma novela da Glória Perez. Se Lost não perdeu força ao representar tantos países com o idioma original, porque Sense8, justamente aquela que celebra a unidade na diversidade não optou por representar também as línguas estrangeiras? Ao longo da temporada, os personagens crescem juntos e o elo psíquico os torna tão íntimos, que se torna um símbolo da celebração da unidade na interculturalidade. Relacionamos nossos próprios conflitos junto ao dos personagens como se também fossemos sensates.

"Não Vou Abandoná-la"

Nota: 


Recomendado se você gostou de: Lost, Firefly e Matrix.